Pages

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Mons. Lefebvre e a Contra-Igreja Conciliar: Contrafação da Igreja

Enquanto dom Fellay diz por aí, mais uma vez, que Mons. Lefebvre sempre quis um acordo com Roma, manipulando, novamente, as palavras do Fundador em causa própria, trazemos, aqui, as palavras do próprio Mons. Lefebvre, em uma conferência dada aos seminaristas em Ecône, em 8 de Junho de 1978 (dez anos antes das excomunhões):

Mons. Lefebvre e a Contra-Igreja Conciliar: Contrafação da Igreja

(...) Pelo contrário, penso que, no próximo encontro, ou mesmo antes do próximo encontro, se verdadeiramente me convidarem, sou eu que lhes faria perguntas: sou eu que os interrogaria, para lhes perguntar: “Que Igreja sois? De que Igreja tratamos”; eu quereria saber se trato com a Igreja Católica, ou se trato com outra Igreja, uma Contra-Igreja, uma contrafação da Igreja?... Ora, creio sinceramente que tratamos com uma contrafação da Igreja e não com a Igreja Católica. Por quê? Por que já não ensinam a Fé Católica. Já não defendem a Fé Católica. Não só já não ensinam mais a Fé Católica e não defendem mais a Fé Católica, mas ensinam outra coisa; mas arrastam a Igreja para outra coisa que não é a Igreja Católica. Já não é mais a Igreja Católica. Estão sentados nas cadeiras dos seus predecessores, todos esses Cardeais das Congregações e todos esses Secretários que estão nessas Congregações ou na Secretaria de Estado; estão muito bem sentados onde estiveram os seus predecessores, mas não continuam os seus predecessores. Não têm a mesma Fé, nem a mesma doutrina, nem até a mesma moral que os seus predecessores. Então, não é mais possível! E, principalmente, o seu grande erro que é o ecumenismo. Ensinam o ecumenismo, que é contrário à Fé Católica!

E diria: “Que pensais dos anátemas do Concílio de Trento? Que pensais dos anátemas da Encíclica “Autorem Fidei” sobre o Concílio de Pistóia? Que pensais do “Syllabus”? Que pensais da Encíclica “Immortali Dei” do Papa Leão XIII? Que pensais da “Carta sobre o Sillon” do Papa São Pio X? Da Encíclica “Quas Primas” do Papa Pio XI, da “Mortalium Animos” do Papa Pio XI, precisamente contra o ecumenismo, contra esse falso ecumenismo? E assim por diante… Que pensais de tudo isso?”. Que me respondam! Que me digam se estão de acordo com todos esses documentos dos Papas, com todos esses documentos oficiais que definem a nossa Fé. Não se trata de quaisquer documentos, não são arengas ou conversas privadas dos Papas, são documentos oficiais emitidos pela autoridade do Papa. Então?...

Penso que se pode, que se deve mesmo crer que a Igreja está ocupada. Está ocupada por essa Contra-Igreja. Por essa Contra-Igreja que conhecemos bem e que os Papas conheceram perfeitamente, e que os Papas condenaram ao longo dos séculos. Desde há quatro séculos que a Igreja não cessa de condenar essa Contra-Igreja nascida, sobretudo, com o protestantismo, que se desenvolveu com o protestantismo e que está na origem de todos os erros modernos, que destruiu toda a filosofia e que nos arrastou para todos esses erros que bem conhecemos e os Papas condenaram: liberalismo, socialismo, comunismo, modernismo, sillonismo, e mais não digo! E disso estamos a morrer! Os Papas tudo fizeram para condená-los. E eis que os que se sentam agora nas cadeiras dos que condenaram aqueles erros estão agora praticamente de acordo com esse liberalismo e com esse ecumenismo! Não! Não podemos aceitar isso!

E quanto mais as coisas se sabem, mais percebemos que esse programa, que foi elaborado nas lojas maçónicas – todo esse programa, todos esses erros foram elaborados nas lojas maçónicas – pois bem, mais facilmente percebemos e com precisão cada vez maior que, muito simplesmente, existe uma loja maçônica no Vaticano! E que, agora, quando alguém se encontra perante um Secretário de Congregação ou um Cardeal, sentados nas cadeiras e nos gabinetes onde estiveram santos Cardeais, Cardeais que possuíam a Fé da Igreja e que defendiam a Fé da Igreja e que eram homens da Igreja, pois bem, esse alguém está perante um franco-maçon!¹ Então, trata-se da mesma coisa?
Pois bem, bradam pela mesma obediência. Sim, noutro tempo diziam-nos para obedecer à Fé, obrigavam-nos ao juramento anti-modernista, fazíamos profissões de Fé e tudo o mais, mas agora, essa gente, que Fé nos exige? Já não é mais a mesma! Agora bradam sempre: obediência, obediência, obediência! Ah! Pois, mas mesmo assim… Obediência à Igreja, sim! Obediência ao que a Igreja sempre ordenou, sim! Obediência à Fé da Igreja, sim! Mas obediência à franco-maçonaria, não! É isto, de certeza!

Ultimamente trouxeram-me documentos que parecem completamente verídicos, documentos que mostram a correspondência entre Bugnini e o grão-mestre da maçonaria, principalmente sobre a reforma litúrgica, nos quais o grão-mestre da maçonaria diz a Bugnini que aplique a reforma do famoso Rorca, o padre apóstata que tinha já predito tudo o que deviam fazer e tinha já previsto o que deviam fazer quando o Vaticano fosse ocupado pela maçonaria: "Eis o que se deve fazer". E, então, agora, o grão-mestre da franco-maçonaria diz a Bugnini para aplicar tudo isso! E o grande princípio: é preciso implantar a “naturalizatione del Incarnatione”, portanto, naturalizar a Encarnação. Logo, chega-se ao naturalismo! E é preciso aplicar os princípios da língua vernácula, da multiplicidade dos ritos, da multiplicidade da liturgia para torná-la completamente confusa e pôr a confusão em todo o lado, e provocar oposições entre os diferentes ritos.

Bugnini responde que está completamente de acordo com isso, mas que é preciso tempo. São precisos talvez dez anos, mas em dez anos conseguirá tudo e que, com a confiança que lhe concedem particularmente o Cardeal Lercarro e mesmo o Papa Paulo VI, com esta confiança que lhe concedem, está seguro de poder atingir os seus fins. E nomeia todos aqueles com quem trabalhará na Cúria Romana, todos tendo ligações com a Maçonaria, podendo assim trabalhar com eles. Mas é preciso colocar uns quantos, será preciso colocá-los nas Congregações, a fim de poderem levar o trabalho a cabo. É preciso que todas as Congregações estejam mais ou menos infiltradas e tenham núcleos dos membros da maçonaria que ele lista: fulano, sicrano, beltrano… É preciso expulsar um tal fulano, porque nos incomoda, está contra nós, então é preciso pô-lo fora. Será necessário suprimir a Congregação dos Ritos – alvitra – mas não é a Congregação dos Ritos, é a Congregação dos Sacramentos. Conseguiu suprimir a Congregação dos Sacramentos para colocá-la sob a Congregação dos Ritos, por consequência para pôr tudo sob sua autoridade. Tudo isso está dito nas cartas ao grão-mestre da maçonaria. Então, que esperais? A obediência? Ah! Não! Não nos falem de obediência!

Certamente, queremos obedecer. Somos os mais obedientes à Igreja e a tudo que sempre ensinou, sempre quis, mas não a homens que trabalham na destruição da Igreja no interior da Igreja. O inimigo está no interior da Igreja. O Papa Pio X anunciou-o. La Salette anunciou-o. Fátima anunciou-o. Tudo foi anunciado publicamente. Sabia-se que o inimigo se ia introduzir no interior da Igreja. Pois bem, ele lá está! Lá está!

E agora vêm exigir que não se façam as Ordenações! Quem exige que não se façam Ordenações? Quem exige que não se ordenem bons Padres? Quem? É o Espírito Santo ou é o Diabo? Está claro, está claro! Pode um poder normal da Igreja exigir a um Bispo que não crie bons Padres? Pode um poder normal da Igreja exigir semelhante coisa? Exigir a supressão de Seminários, que eles sabem serem bons? Sabem-no, disseram-no. Disseram que eram bons Seminários. Sabem que a doutrina que vos ensinam é a verdadeira doutrina. Sabem-no, escreveram-no, sabem-no perfeitamente. Escreveram-no no relatório dos visitadores. Os visitadores disseram-no. Escreveram um excelente relatório a favor do Seminário. Foi o que o Cardeal Garonne me disse a mim mesmo quando me pediu que fosse a Roma. Disse: "Sim, o relatório é bom. Sabemos que o Seminário é bom, etc., etc.". Então, porque fechar o Seminário? Muito simplesmente porque não queremos seguir as orientações maçônicas do ecumenismo, e todas as novas orientações que se forjaram nas lojas maçônicas. Então, querem fechar o Seminário! Pois bem, não, não é possível! Isso não provém do Espírito Santo, isso não provém da Igreja. Não é a Igreja que nos exige o encerramento do Seminário. Não é a Igreja. Não é o Papa como Papa, os que lá estão verdadeiramente como sucessores dos que lá estavam antes deles, não! É uma loja maçônica que conseguiu penetrar no interior do Vaticano e tudo trama, e que, evidentemente, nem pode cheirar-nos. É claro, é evidente. Somos um obstáculo ao seu plano, ao seu plano de destruição do Sacerdócio, de destruição da Missa, de destruição da Liturgia. É evidente!

Então, devemos obedecer? Creio na consciência diante do Bom Deus, quando me diz: "Reflete bem perante Deus, em consciência, naquilo que fazes…". Sim, refleti em tudo perante o Bom Deus. Se estou enganado, que o Bom Deus me dê a luz que mostre o meu engano, mas não o creio. Creio verdadeiramente que fazendo o que faço, ordenando os Padres que vou ordenar, creio que sirvo a Igreja. Sirvo a Igreja! Não o faria se, por um instante, pensasse que tal pudesse ser contrário ao bem da Igreja, pois bem, eu me absteria de fazer tais coisas! Seria muito grave. Mas é bem o contrário!

Enfim, os fatos são agora evidentes, as consequências dessa reforma e dessa perseguição da Igreja no interior da Igreja estão patentes a todo o mundo, cada vez é mais claro. Basta ler a Documentation catholique para nos apercebermos de como as falsas ideias estão infiltradas em documentos episcopais, em todos os documentos, em todas essas Comissões Teológicas. […] Estão cheios de erros, é um espírito falso que não é nada o Espírito da Igreja! Então, é por tudo isso que não hesitamos um instante e espero que o Bom Deus nos continue a abençoar!

[Extrato de uma conferência de Monsenhor Marcel Lefebvre aos seminaristas de Ecône, em 8 de Junho de 1978].
Grifos nossos.
Tradução: Gil Dias.

Em francês: Avec l'Immaculée



 ¹ Não estaria aqui incluído o Cardeal Ratzinger, diante do qual Monsenhor sentou-se várias vezes? O mesmo do qual, agora Papa Bento XVI, dom Fellay disse, alegremente: "Se o Papa me chama eu vou. Alías eu corro"?