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sábado, 11 de agosto de 2012

A HISTÓRIA DE SANTA FILOMENA

Pintura de Santa Filomena
solicitada por São João Maria Vianney,
*santuário de Ars, França.
São João Maria Vianney relatava que a representação era conforme a aparência exata de Santa Filomena, que também apareceu ao sacerdote. O Santo Cura d’Ars, patrono de todos os párocos, foi grande devoto e amigo da santa.

Em 1843, agonizante já desacreditado pelos médicos, curou-se por intercessão da pequena santinha, como carinhosamente a chamava. A seus pés, os instrumentos de seu suplício.

Três pessoas, desconhecidas entre si e vivendo em três lugares distintos na Itália, tiveram o que parecia ser uma revelação privada feita a eles sobre a vida de Santa Filomena. Comparados, quando vieram a ser conhecidos, estes três relatos se confirmaram idênticos, a menos em diferentes níveis de detalhes. O mais famoso e circunstanciado dos três relatos é aquele feito pela irmã Maria Luísa de Jesus, fundadora das oblatas de Nossa Senhora das Dores, e que na época da revelação pertencia à ordem terceira dominicana.

No dia 3 de agosto de 1833, esta irmã estava rezando depois de receber a comunhão, diante de uma pequena estátua que representava Santa Filomena, quando sentiu um grande desejo de saber o dia exato do martírio da santa. Isto porque, afinal de contas, 10 de agosto era apenas o dia em que as relíquias de Filomena chegaram à cidade de Mugnano.

Se por um lado este era um grande dia para a cidade, não era porém tão interessante àqueles que viviam fora de Mugnano. Este pensamento sempre lhe ocorria, mas naquele momento o desejo preenchia completamente o seu coração.


A este ponto ouviu uma discreta voz a lhe dizer:
“Cara Irmã, 10 de agosto foi o dia de meu descanso, de meu triunfo, de meu nascimento no Céu, de minha entrada na posse daqueles bens eternos que nenhuma mente humana é capaz sequer de imaginar. Por esta razão que meu Divino Esposo dispôs, por Seus mais altos decretos, que minha chegada a Mugnano deveria ser no dia de minha chegada no Céu! Ele preparou tantas circunstâncias que fizeram com que minha chegada a Mugnano fosse gloriosa e triunfante; dando alegria para toda gente, mesmo que o pároco que me conduziu estivesse firmemente decidido a que meu translado se realizasse de forma discreta no dia 5 do mês, em sua própria casa. Meu Esposo Onipotente impediu-o com tantos obstáculos que o sacerdote, apesar de ter feito tudo o que podia para levar adiante seu plano, não o pôde. Assim foi que o tal translado foi feito no dia 10, o dia de minha festa no Paraíso!”

Em decorrência deste acontecimento, irmã Maria Luísa foi tomada de tristeza já que julgava que havia facilmente caído como presa de uma ilusão. Ela refugiou-se no sacramento da penitência, confessando tudo ao seu diretor. Ele não foi tão imediato em descartar a matéria. Ele a testou.

Escreveu a Mugnano e perguntou a Don Francesco di Lucia se era verdade que ele havia originalmente intencionado que o translado tivesse se dado silenciosamente no dia 5 em sua própria casa.

E a resposta que veio depois claramente mostrava quantos obstáculos impediram sua inocente tentativa de trazer seu desejo de Roma rápida e discretamente para sua própria capela! Então, o diretor espiritual de irmã Maria Luísa deu-lhe a ordem de pedir a Santa Filomena que lhe dissesse mais sobre sua vida e seu martírio. Pois que Maria Luísa foi a ela, pediu que não reparasse no pedido feito por obediência, e que lhe dissesse um pouco mais. Veio então um dia em que, estando em sua cela, ela sentiu seus olhos sendo fechados e ouviu novamente aquela voz graciosa.

Segue-se o relato da vida de Santa Filomena como extraído do relato oficial do padre Francesco di Lucia, intitulado Relazione Istorici di Santa Filomena e subsequentes atualizações, a partir das locuções recebidas pela irmã Luísa de Jesus em Agosto de 1833, relatos estes que receberam autorização oficial do então Santo Ofício (hoje a Congregação para a Doutrina da Fé) a 21 de dezembro de 1833:

Minha querida irmã, sou a filha de um Príncipe que governava uma pequena cidade-estado na Grécia. Minha mãe era também de sangue real. Meus pais não tinham filhos. Eles eram idólatras. Eles continuamente ofereciam sacrifícios e orações a seus falsos deuses. Um doutor proveniente de Roma, chamado Publius, vivia no palácio a serviço de meu pai. Este doutor professava o Cristianismo. Vendo a aflição de meus pais, pelo impulso do Espírito Santo, ele falou-lhes do Cristianismo, e prometeu rezar por eles se eles consentissem em receber o Batismo.
SANTA FILOMENA REJEITA O IMPERADOR
Afresco do santuário de Ars, França.
A Graça que acompanhava suas palavras iluminou-lhes a razão e triunfou sobre suas vontades. Eles tornaram-se cristãos e obtiveram a tão desejada felicidade que Publius lhes havia assegurado, como recompensa de sua conversão. No momento de meu nascimento, eles me deram o nome de “Lumena,” uma alusão à luz da Fé da qual eu tinha sido, como de fato era, o fruto. No dia de meu Batismo, eles chamaram-me “Filumena”, ou “Filha da Luz”, porque naquele dia eu nascera para a Fé.

A afeição que meus pais tinham por mim era tanta que eles me tinham sempre consigo. Foi por conta disto que eles me levaram a Roma numa viagem que meu pai foi obrigado a fazer por ocasião de uma guerra injusta com a qual ele foi ameaçado pelo arrogante Diocleciano. Eu tinha então treze anos. Em nossa chegada à capital do mundo, nós nos conduzimos ao palácio do Imperador e fomos recebidos numa audiência.

Tão logo Diocleciano me viu, seus olhos fixaram-se sobre mim. Ele aparentava estar perturbado a este respeito, durante todo o tempo em que meu pai estava a falar com sentimentos animados tudo o que pudesse servir para sua defesa. Tão logo meu pai cessou de falar, o imperador desejou-lhe que não mais ficasse preocupado, que banisse todo o medo, que pensasse apenas em viver em felicidade.

Estas foram as palavras do imperador, “Eu colocarei à sua disposição toda a força do Império. Eu peço apenas uma coisa, que é a mão de sua filha”.

Meu pai, ofuscado com uma honra que lhe era distante de ser esperada, livre e instantaneamente aderiu à proposta do imperador. Quando retornamos à nossa própria morada, Papai e Mamãe fizeram de tudo que podiam para induzir-me a sucumbir às vontades de Diocleciano e deles mesmos.

Eu chorei, “Vocês desejariam que, pelo amor de um homem, eu devesse quebrar a promessa que eu fiz a Jesus Cristo? Minha virgindade pertence a ele. Eu não mais posso dela dispor.”

Santa Filomena na prisão por 40 dias.
Afresco do santuário de Ars, França.
“Mas você era então jovem, demasiadamente jovem para ter formado tal compromisso”, respondeu papai. Ele juntou as mais terríveis ameaças à ordem que havia me dado de aceitar a mão de Diocleciano. A Graça de meu Deus me tornou invencível, e meu pai, não sendo capaz de dissuadir o imperador, de forma a se liberar da promessa que fizera, foi obrigado por Diocleciano a trazer-me à presença do imperador.

Eu tive que resistir por algum tempo diante da fúria de meu pai. Minha mãe, unindo seus esforços aos dele, se colocou o dever fazer qualquer coisa de forma a conquistar minha determinação. Carinhos, ameaças, tudo foi empregado de forma a reduzir-me à submissão.

Ao final, cheguei a vê-los ambos caírem aos meus joelhos e dizer-me com lágrimas em seus olhos, “Minha criança, tenha piedade de seu pai, sua mãe, seu país, nosso país, nossas pessoas.”

“Não! Não”, eu lhes respondi. “Minha virgindade, que eu consagrei a Deus, vem antes de tudo, antes de vocês, antes de meu país. Meu reino é o Céu.”

Minhas palavras mergulharam-nos em desespero, e eles me trouxeram diante do imperador, que de sua parte fez de tudo para me vencer. Contudo, suas promessas, suas seduções, suas ameaças, foram igualmente inúteis. Ele então foi tomado por uma súbita ira e, influenciado pelo Demônio, lançou-me numa das prisões do palácio, onde ele me manteve aprisionada com correntes.

Pensando que a dor e a vergonha iriam enfraquecer a coragem com que meu Divino Esposo me inspirou, ele vinha me ver todo dia. Depois de vários dias, o imperador despachou uma ordem para que minhas correntes fossem afrouxadas, pois que eu pudesse tomar uma pequena porção de pão e água.

Ele renovou seus ataques, alguns dos quais teriam sido fatais à pureza não fosse pela Graça de Deus. As derrotas que ele sempre experimentava eram também prelúdio de novas torturas para mim. A oração me sustentava. Eu não cessava de me recomendar a Jesus e sua mais pura Mãe. Meu cárcere havia já durado trinta e sete dias, quando, no meio de uma luz celestial, eu vi Maria segurando o Divino Filho em seus braços.

“Minha filha”, ela me disse, “mais três dias de prisão e depois de quarenta dias você deixará este estado de dor.” Notícias tão felizes fizeram que meu coração pulasse de alegria, mas como a Rainha dos Anjos acrescentou que eu devesse sair de minha prisão, para sustentar, em tormentos amedrontadores, um combate muito mais terrível que aqueles precedentes, caí instantaneamente da alegria para a mais cruel angústia; pensei que isto iria me matar.

“Tenha coragem, minha criança”, Maria então me disse, “não está você ciente do predileto amor que eu guardo por você? O nome que você recebeu no batismo é a sua segurança, pela sua semelhança ao nome de meu Filho e ao meu. Você se chama Lumena, como seu Esposo é chamado por Luz, Estrela, Sol, como eu mesma sou chamada por Aurora, Estrela, a Lua no esplendor de seu brilho, e Sol. Não tenha medo, eu te ajudarei. A natureza, que agora te humilha, assevera suas leis. No momento do combate, a Graça virá emprestar-lhe sua força, eu seu Anjo, que também foi meu, Gabriel, cujo nome expressa fortaleza, virá em teu auxílio. Eu recomendarei você especialmente ao seu cuidado, como a bem amada de meus filhinhos.”

Estas palavras da Rainha das virgens deu-me coragem novamente, e a visão desapareceu, deixando minha prisão repleta de um perfume celestial. Experimentei uma alegria fora deste mundo. Algo indefinível. Aquilo para o qual a Rainha dos Anjos me preparou foi logo experimentado. Diocleciano, desesperado em dobrar-me, decidiu por um castigo público que ofendesse minha virtude. Ele me condenou a ser despida e açoitada como o Esposo que eu preferi a ele.

Estas foram suas horrificantes palavras:

“Dado que ela não está envergonhada de preferir a um imperador como eu, um malfeitor condenado a uma morte infame pela sua própria gente, ela merece que minha justiça a trate como ele foi tratado”.

Os guardas da prisão hesitaram em despir-me inteiramente, mas eles me ataram a uma coluna na presença de um grande homem da corte. Chicotearam-me com violência, até que eu estivesse banhada em sangue.

Meu corpo inteiro parecia uma única ferida aberta, mas eu não sucumbi. O tirano arrastou-me de volta ao cárcere, aguardando que eu morresse. Eu esperava juntar-me a meu Divino Esposo. Dois anjos, resplandecentes de luz, apareceram a mim na escuridão. Eles vertiam um confortante bálsamo em minhas feridas, garantindo-me um vigor que eu não possuía antes da tortura. Quando o imperador foi informado da mudança que se operou em mim, ele me fez conduzida para diante de si.

Santa Filomena lançada ao rio Tibre.
Afresco do santuário de Ars, França.
Ele me viu estupefato, e tentou me persuadir de que eu devesse minha cura e vigor renovado a Júpiter, um outro deus, que ele, o imperador, tinha enviado a mim. Ele tentou me impressionar com sua crença de que Júpiter me desejava para ser a imperatriz de Roma. Juntando a estas palavras sedutoras promessas de grandes honrarias, incluindo as mais bajuladoras palavras, Diocleciano tentou acariciar-me. Amigavelmente, ele tentou completar o trabalho do Inferno que ele havia iniciado. O Divino Espírito a quem eu sou devedora pela constância em preservar minha pureza parecia encher-me com luz e conhecimento. A nenhuma das provas que lhes dei a respeito da solidez de nossa Fé, nem Diocleciano nem seus cortesões puderam encontrar qualquer resposta.
Então, sua insanidade de imperador foi renovada, ordenando a um guarda prender uma âncora em volta de meu pescoço e enterrar-me nas águas do rio Tibre. A ordem foi executada. Fui lançada dentro d’água, mas Deus enviou-me dois anjos que desamarraram-me a âncora. Ela caiu na lama do rio, onde sem dúvida ainda permanece até o tempo presente. Os anjos me transportaram gentilmente à vista da multidão até o leito do rio. Voltei ilesa, depois de ser imersa juntamente com a pesada âncora. Este milagre felizmente produziu efeitos sobre uma grande número dos espectadores, e eles foram convertidos à fé; mas Diocleciano atribuiu minha preservação a uma mágica secreta.

Santa Filomena é alvejada por flechas.
Afresco do santuário de Ars, França.
Então o imperador fez com que eu fosse arrastada pelas ruas de Roma e que fosse alvejada por uma saraivada de flechas. Meu sangue verteu, mas eu não desanimei. Diocleciano pensou que eu estava morrendo e ordenou aos guardas que me conduzissem de volta ao cárcere.

Novamente ali, o Céu me honrou com mais um novo favor naquele lugar. Caí num doce sono, e encontrei-me perfeitamente curada quando acordei. Diocleciano ficou sabendo disto. “Bem, então,” ele gritou com veemência, “deixemo-la ser transpassada com flechas pontiagudas uma segunda vez, e deixemo-la morrer durante a tortura.” Eles pressionaram para que ele fosse obedecido.
Novamente, os arqueiros curvaram seus arcos. Eles acumularam toda a sua força, mas as flechas recusaram-se a seguir suas intenções. O imperador estava presente. Transtornado, ele me chamou de bruxa, e pensando que a ação do fogo pudesse destruir o encanto, ordenou que os flechas fossem tornadas incandescentes numa fornalha e apontados para meu coração.

Santa Filomena é por fim decapitada.
Afresco do santuário de Ars, França.
Foi obedecido, mas estas flechas, depois de terem percorrido uma parte da distância devida para me atingir, tomaram uma direção contrária e retornaram para atingir aqueles pelos quais elas haviam sido arremessadas. Seis dos arqueiros foram mortos por elas. Muitos deles renunciaram ao paganismo, e o povo começou a render testemunho público ao poder de Deus que me protegera.

Estes murmúrios e aclamações enfureceram o tirano. Ele determinou que apressassem minha morte ordenando que eu fosse decapitada. Minha alma alçou vôo em direção de meu celestial Esposo, que me colocou, com a coroa da virgindade e a palma do martírio, num lugar distinto entre os eleitos.

O dia que foi tão feliz para mim e me viu entrar na glória foi uma sexta-feira, e a hora de minha morte foi a terceira hora depois do meio dia, ou seja, a mesma hora que viu meu Divino Mestre expirar.”


Santa Filomena na glória.
Afresco do santuário de Ars, França.
O que é notável do ponto de vista histórico não é somente que esta revelação foi independentemente confirmada por revelações privadas feitas a dois outros indivíduos (um era um sacerdote; o outro, um simples artesão) mas estes outros fatos confirmatórios:

1) o imperador romano do terceiro século era conhecido por executar os cristãos através do uso de flechas, como exemplificado por São Sebastião;
2) o imperador romano do terceiro século era também conhecido por matar os cristãos amarrando âncoras em torno de seus pescoços e e arremessando-os à água;
3) a referência a “Lumena” - o nome que lhe foi dado ao nascer - e então ao batismo, “Fi Lumena”, “filha da luz”, pode explicar o arranjo das pedras encontradas em seu túmulo (“Lumena”, o nome de nascimento, era a primeira pedra).

A história de Santa Filomena feita anteriormente é tradução de relato extraído de  http://www.philomena.org/patroness.asp em agosto de 2010 sobre a revelação feita à irmã Maria Luísa de Jesus, que é bastante fiel à atualização do livro escrito por Don Francesco de Lucia feita em 1834. Tanto o site, quanto a reedição da versão inglesa de 1865 do livro de de Lucia que chegou em nossas mãos, são publicações de “The Universal Living Rosary Association of Saint Filomena”.

A Associação do Rosário Vivente foi fundada pela venerável Pauline Jaricot, uma leiga consagrada residente em Lyon, França, que à sua época se pôs a apoiar projetos missionários pelo mundo. O milagre da cura de Pauline, conhecido como o grande milagre de Mugnano, desencadeou a canonização de santa Filomena, apesar de a metodologia de investigação histórica prover muitos poucas informações à Igreja a respeito desta santa.

Foi em 1802, em época tão marcada pelo racionalismo, que os desígnios de Deus quiseram que os restos mortais desta virgem mártir cristã ressurgisse das catacumbas. Se tantos milagres Deus reservou àqueles que confiaram a esta santa a sua intercessão, foi principalmente para realçar suas virtudes de pureza e de fortaleza.

De fato, não foi a ciência humana que deu a Santa Filomena o reconhecimento da Igreja. Foi a abundância de milagres que o Céu proveu que impôs o modelo desta heroína cristã, ainda que uma criança de 13 anos. A seguir fazemos alguns relatos históricos úteis a um maior entendimento do reencontro de seus restos mortais bem como do reconhecimento feito pela Igreja. São baseados principalmente no texto de divulgação promovido pelo movimento do rosário permanente, http://rosariopermanente.leiame.net/devocoes/stafilomena/stafilomena-historia.html mas também sofreu algumas pequenas atualizações quando comparado ao livro de don Francesco de Lucia.

O Movimento do Rosário Permanente durante muito tempo contou com a direção espiritual do jesuíta Afonso Rodrigues, sacerdote que morreu em fama de santidade a 4 de agosto de 2002, e que tivemos a honra de conhecer, ainda que brevemente. Todo dia 10 costumava rezar a missa de santa Filomena na Igreja de São Gonçalo na praça João Mendes em São Paulo.



ARRANJO DAS PEDRAS QUE COBRIAM O TÚMULO DE SANTA FILOMENA

 


No dia 25 de maio de 1802, os ossos de uma mulher entre 13 e 15 anos foi  descoberto no cemitério de Santa Priscila, nas escavações das catacumbas em Roma.

Uma inscrição próxima ao túmulo dizia “A paz seja contigo, Filomena” (pax tecum filumena), junto com inscrições de uma âncora, três flechas, uma palma, um flagelo (chicote) e um pequeno lírio. Próximo aos ossos foi descoberto um vaso de vidro com um depósito de sangue ressequido. Por ser costume dos primeiros mártires deixar símbolos e sinais como estes, foi facilmente determinado que Santa Filomena havia sido uma virgem mártir.

No reinado do Papa Pio VII, quando foram encontradas essas relíquias, o padre Francesco de Lucia, da cidade de Mugnano dele Cardinale (Itália), desejou levar as relíquias de um santo para sua paróquia e foi à Santa Sé em Roma para solicitá-las. Quando estava na Capela do Tesouro (onde ficavam as sagradas relíquias), dentre tantas apenas três possuíam nomes: um adulto, uma criança e Santa Filomena.

Quando ajoelhou-se diante das relíquias de Santa Filomena, sentiu-se possuído de uma alegria espiritual jamais experimentada. Sentiu também um incontrolável desejo de levar aquelas Sagradas Relíquias para sua igreja em Mugnano. Terminada essa visita, dirigiu-se ao Sr. Bispo de Potenza e ficou sabendo então que precisaria de uma graça muito especial, ou talvez um milagre. Não havia precedentes de a Santa Sé haver confiado tão preciosos tesouros à guarda de um simples sacerdote.

E nesse caso seria praticamente impossível, por se tratar das relíquias de uma virgem mártir cujo nome era conhecido. Tendo caído gravemente enfermo, padre Francisco recorreu ao auxílio de Santa Filomena, prometendo tomá-la como especial Padroeira e levar suas relíquias para Mugnano, caso obtivesse autorização para tanto. Curado milagrosamente, retornou então à Santa Sé narrando a graça alcançada e obteve o pedido, levando triunfalmente as  relíquias para sua paróquia.

Assim que lá chegou começaram a acontecer tantos milagres que ia gente de toda a Itália e Europa a pedir e agradecer graças alcançadas. Sua popularidade logo se espalhou, sendo seus mais memoráveis devotos São João Maria Vianney, Santa Madalena Sofia Barat, São Pedro Eymard, e São Pedro Chanel. Muitos Papas foram devotos de Santa Filomena.

Entre eles,  Pio IX, que no dia 7 de novembro de 1849 celebrou a Santa Missa no altar onde estão as Santas Relíquias e, no dia 15 de janeiro de 1857, concedeu ofício próprio com Missa. São Pio X, que em peregrinação a Mugnano doou à imagem da Virgem Mártir um riquíssimo anel. Leão XIII, que peregrinou ao Santuário de Mugnano duas vezes, e em 1884 aprovou, consagrou e indulgenciou o cordão de Santa Filomena.

Depois de ser curada milagrosamente, a Venerável Pauline Jaricot insistiu para que o Papa Gregório XVI iniciasse o exame para a canonização de Santa Filomena, que já estava sendo conhecida como grande taumaturga (intercessora junto a Deus a favor de um milagre). Gregório XVI, tendo recebido o parecer favorável da Sagrada Congregação dos Ritos à canonização de Santa Filomena, elevou-a à honra dos altares, instituindo ofício próprio para o culto e a festa, proclamando-a ‘A Grande Taumaturga do Século XIX’, Padroeira do Rosário Vivo e Padroeira dos Filhos de Maria. As relíquias de Santa Filomena ainda são preservadas até hoje em Mugnano, na Itália.

São João Maria Vianney tinha grande familiaridade com a “pequena santinha”, como costumava chamá-la, e foi quem criou o cordão de Santa Filomena que mencionamos em http://www.ime.usp.br/~alair/FilomenaAndTheKing/.

O sacerdote que foi proclamado pela Igreja patrono e modelo de todos os párocos, era grandíssimo devoto de Santa Filomena, a ela costumava atribuir todos os milagres alcançados, tornando-se grande difusor de sua devoção.
Santa Filomena virgem e mártir, obtém-nos de Deus a mesma fé, a mesma simplicidade, a mesma fortaleza e a mesma pureza que tiveste diante do poder de tua época. Somos confiantes de que seremos atendidos por Deus em nossas necessidades. Agradecemos de antemão a Deus pela Sua Bondade, e a ti pelo teu exemplo. Queremos também nós sermos exemplos das mesmas virtudes. Amém.

São Paulo, 14 de setembro de 2010,

A. Pereira do Lago

Fonte: http://cidadaosdoinfinito.webnode.com.br/products/a-historia-de-santa-filomena/.

 
LEIA MAIS:
  1. SANTA FILOMENA 
  2. Santa Filomena 
  3. O Cordão de Santa Filomena
 
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