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terça-feira, 9 de setembro de 2025

Os neo-santos da Neo-Igreja: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati


Os neo-santos da Neo-Igreja: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati



O que é um Santo? Santo é alguém que se “separou” do mundo por amor a Cristo. Alguns são mártires de sangue, outros são vítimas de martírio incruento, e outros ainda morrem santamente em seus leitos e, ainda assim, são confessores da sua fé em Cristo. Há diferentes graus de santidade, mas todos são imprescindivelmente exemplares e virtuosos. Nem todos serão canonizados pela Igreja, por óbvias razões, mas todos dão testemunho de Cristo no mundo em que vivem. 

A canonização de um Santo é um longo e demorado processo[1], com quatro etapas: Servo de Deus, Venerável, Beato e Santo. 

Três requisitos são necessários para a homologação da candidatura: a fama de santidade, o exercício das virtudes cristãs — fé, esperança, caridade, prudência, justiça, fortaleza e temperança — e a ausência de obstáculos insuperáveis à canonização: heresias, escândalos, crimes... 

Para o início de uma causa de canonização, é sempre necessária a “fama de santidade” do candidato, ou a opinião comum das pessoas segundo a qual sua vida foi íntegra, rica de virtudes cristãs. Essa “fama de santidade” deve durar e pode crescer após sua morte. O candidato aos altares deve ter vivido HEROICAMENTE as virtudes cristãs, ou ter tido a disposição HABITUAL de fazer o bem com firmeza, continuidade e sem hesitação. Deve ter praticado as virtudes em um nível MUITO ALTO, acima da média. Em outros casos, o objeto de verificação diz respeito às exigências do martírio cristão ou da oferta da vida. 

O processo inicia-se com a proposta do nome do candidato que viveu uma vida de virtudes HEROICAS ou foi um MÁRTIR; ouvem-se as testemunhas, recolhem-se as provas, e, se não houver incidentes, o candidato recebe o título de Servo de Deus

Depois, se investiga a vida do candidato para confirmar a prática heroica das virtudes cristãs ou o martírio, e também, se houver, se analisam todos seus escritos para verificar a ortodoxia de sua doutrina; se estiver tudo certo, o candidato se torna Venerável

Após a comprovação das virtudes e da doutrina correta, é necessário comprovar os milagres — dois, três ou quatro milagres, dependendo da qualidade das testemunhas (Cânon 2117, CDC-1917) — atribuídos à intercessão do Venerável [o milagre é um fato que deve ser instantâneo, perfeito, duradouro e não explicável cientificamente; é uma exigência da Igreja como fosse uma confirmação divina de que o candidato está na glória de Deus e intercede verdadeiramente pelos fiéis na Terra]; se aprovados por peritos médicos e teólogos, o candidato se torna Beato, podendo ser cultuado em nível local ou regional.  

Os mártires já são canonizados nesta fase, dispensando a necessidade de milagres. 

Por fim, é preciso comprovar milagres — dois ou três milagres, dependendo do tipo de beatificação anterior, se foi formal ou equipolente (Cânon 2138 do CPC-1917) — que devem ter ocorrido após a beatificação. Se aprovado pelo Papa [e aqui temos o grande empecilho para as canonizações atuais, tendo em vista que não temos um Papa], o candidato é canonizado e pode ser venerado universalmente como Santo em toda a Igreja Católica. 

Qualquer pessoa, confraria, associação, diocese ou comunidade pode requerer a abertura de um processo de beatificação, mas, para encaminhar corretamente esse requerimento, deve recorrer a um mandatário — chamado Postulador — normalmente um eclesiástico. 

Dito isso, vamos às recentes “canonizações” da Igreja Conciliar Sinodal sob gestão de Robert Prevost, vulgo Leão XIV: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frossati

Só Deus conhece o coração humano, mas eu queria que alguém me dissesse quais são realmente as virtudes heroicas desse dois candidatos às honras dos altares! 

Resumidamente, Carlo era fashionista, usava roupas de marca, bem caras, e essas peças são ostentadas, agora, como objeto de culto pelos modernistas nas igrejas. Como evangelizador, sua religiosidade, segundo o The Economist, era desconhecida dos mais próximos: amigos, colegas de escola, professores. Um dos amigos mais próximos, Michele del Vecchio, é um pagão, e Carlo, durante os 5 anos em que conviveram, nunca se preocupou em lhe falar de Jesus e fazê-lo batizar. Seu melhor amigo, Federico Oldani, estranhou a “vita” que foi tecida sobre Carlo, inclusive acerca da motivação de criar o site sobre os milagres eucarísticos, e relata diversos fatos que põem em dúvida essas alardeadas virtudes, como não poupar os olhos da imodéstia e da indecência, assistindo aqueles filmes da década de 90 repletos de sensualidade e com temática bem liberal e, muitas vezes, crítica à própria Igreja; e seu gosto peculiar por programas como “The Simpsons”, uma ode ao americanismo, repleto de licenciosidades, vícios, heresias, blasfêmias etc. Não se destacava nos estudos, como o “santo” seguinte. 

Pier Giorgio Frassati. Interessante que a Wikipedia o definiu um “ativista católico”, e não em prol da evangelização, pois era engajado na política e nas “causas sociais”, distorcendo a doutrina social de Leão XIII, como todo “democrata cristão”, os precursores dos “socialistas de iPhone” de hoje em dia. Para se opor a Mussolini, ingressou nas fileiras do Partido Popular Italiano, uma dissidência da Democracia Cristã, não suficientemente socialista para seu fundador (junto com o Alcide De Gasperi), Luigi Sturzo, um padre que fundou também o “People and Freedom Group”, uma organização antifascista internacional. Frassati foi também membro da Federação Universitária Católica Italiana e da Ação Católica, ambas liberais e com um pé na Esquerda. Sua família, da rica burguesia de Turim, era “giolittiana”, liberal e “neutralista”. “Giolittiano” vem do político Giovanni Giolitti, envolvido em escândalo de corrupção, que transitou entre a Esquerda Histórica, a União Liberal e o Partido Liberal Italiano. “Neutralismo” era uma posição "isentona" sobre a intervenção militar italiana na 1ª Grande Guerra, posição defendida pelos liberais giolittianos e os socialistas. A maioria dos movimentos juvenis dos quais participou era mista, e os jovens de ambos os sexos costumavam fazer acampamentos sem supervisão ou com uma supervisão precária, a tal ponto que o seu processo de canonização começou já com uma denúncia sobre a retidão de seus relacionamentos com as mulheres. Outras denúncias apareceram no decorrer das investigações, mas as provas foram escondidas[2]. É de se registrar que o pai de Pier Giorgio era ateu, tendo-se convertido somente após a morte do filho, impressionado pela quantidade de pessoas que compareceram ao funeral; afinal, o filho era fortemente engajado em diversos movimentos sociais. Sobre este neo-santo, na internet há sites que insistem que ele teria sido sepultado vivo, porque, quando foi exumado, foi encontrado com as mãos nos cabelos, o que fez parar a causa por algum tempo. A irmã nega. 

Ambos os neo-santos foram beatificados e canonizados por Antipapas modernistas. E têm em comum que vêm de famílias parcas de prole. O que é de se estranhar em famílias supostamente católicas e, principalmente, ricas, que não podem alegar qualquer tipo de restrição econômica para ter todos os filhos que Deus quer. A família Acutis só tinha Carlo por filho, e só teve um casal de gêmeos (uma gravidez só, portanto) após a morte dele. E parou aí. Os Frassati também eram de uma família rica, bem rica, mas só tiveram um casal de filhos e, apesar de liberais, não aceitariam por nora uma moça de origens humildes pela qual Pier Giorgio se apaixonou, mas que, covardemente, nunca se declarou para não aborrecer os pais. 

Ambos também têm em comum a morte por uma desafortunada doença. Leucemia, para Carlo, e poliomielite para Pier Giorgio. Nem a morte foi heroica ou em ódio à fé católica. Por mais triste que isso seja, por mais árduo que tenha sido o sofrimento, não é suficiente para torna-los santos só por isso

Vê-se que são duas canonizações fabricadas para atender a uma demanda social e propagandística. Carlo seria o primeiro santo “millenial”, e pode atrair os jovens por esse apelo sentimental. Me pergunto se o mundo não tem santos verdadeiros entre os jovens... E pensar que estão na fila de espera inúmeros grandes Santos, de ambos os sexos, de todas as idades e extração social, mas que não devem agradar ao usurpadores da Santa Sé e à N. O. M. 

Por fim, e mais importante que tudo isso, está o fato de que a Igreja Sinodal de Prevost não tem AUTORIDADE para canonizar ninguém. Ele não é Papa porque foi “eleito” por um conclave inválido. Ponto. 


Artigos sobre os neo-santos da Neo-Igreja já publicados no Pale Ideas, vide aqui


Notas:
1. Há exceções à demora nas canonizações; por exemplo, a canonização de Santo Antônio de Pádua (1195-1231) foi a mais rápida, pois foi canonizado 352 dias após sua morte, um recorde jamais superado, e foram reconhecidos 53 milagres ocorridos após a sua morte. Parece que São Pedro de Verona também foi canonização em menos de um ano. Já Santa Joana d’Arc teve o processo mais demorado: 450 anos. A Igreja modernista, de sua parte, simplificou o processo e as canonizações agora são a jato e não levam muito em conta a doutrina e, por vezes, nem o milagre. 


2 comentários:

  1. Giulia, bom dia. O que seriam virtudes heróicas?

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    1. As virtudes heroicas são a prática excepcional e constante das virtudes cristãs (Fé, Esperança, Caridade, Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança), demonstrando um testemunho de vida incomum e um elevado grau de santidade, que serve de exemplo para os fiéis. É exercitar a virtude em nível heroico, extraordinário.

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