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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Nova tradição natalina - Capítulo VI

Uma nova tradição natalina 


EVANGELHO DE SÃO LUCAS


Cap. VI  1 Aconteceu que, num sábado, chamado o segundo-primeiro, passando (Jesus) pelas searas, os seus discípulos colhiam espigas, e, machucando-as nas mãos, as comiam. 
2 Alguns dos fariseus, disseram--lhes: “Porque fazeis o que não é permitido nos sábados?”. 
3 E Jesus, respondendo-lhes, disse: “Não lestes o que fez David, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?”. 
4 “Como entrou na casa de Deus, e tomou os pães da proposição, e comeu deles, e deu 'aos seus companheiros, embora não fosse permitido comer deles senão aos sacerdotes?”. 
5 E acrescentou: “O Filho do homem é Senhor também do sábado”.
6 Aconteceu que, em outro sábado, entrou (Jesus) na sinagoga, e ensinava. E estava ali um homem que tinha a mão direita seca. 
7 E os escribas e os fariseus o estavam observando (para ver) se curava ao sábado, a fim de terem de que O acusar. 
8 Mas Ele conhecia os seus pensamentos, e disse ao homem que tinha a mão seca: “Levanta-te, e põe-te em pé no meio”. E ele, levantando-se, ficou de pé. 
9 Jesus disse-lhe: “Pergunto-vos se é lícito aos sábados fazer bem ou mal, salvar a vida ou tirá-la”. 
10 Depois, correndo a todos com o olhar, disse ao homem: “Estende a tua mão. Ele estendeu-a, e a sua mão tornou-se sã”. 
11 Eles encheram-se de furor, e falavam uns com os outros (para ver) que fariam contra Jesus.
12 E aconteceu naqueles dias que se retirou para o monte a orar, e estava passando toda a noite em oração a Deus. 
13 E, quando foi dia, chamou os seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos: 
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João, Filipe e Bartolomeu, 
15 Mateus e Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Simao, chamado o Zelador, 
16 e Judas (irmão) de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. 
17 E, descendo com eles, parou na planície, ele e a comitiva dos seus discípulos, e uma grande multidão de povo de toda a Judeia, e de Jerusalém, e da região marítima de Tiro e de Sidônia, 
18 que tinham vindo para O ouvir, e para ser curados das suas doenças. E os que eram vexados pelos espíritos imundos, ficavam sãos. 
19 E todo o povo procurava tocá-lo; porque saía dele uma virtude que os curava a todos.
20 E, levantando os olhos para os discípulos, dizia: “Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso é o reino de Deus”. 
21 “Bem-aventurados os que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados os que agora chorais, porque rireis”. 
22 “Bem-aventurados sereis quando, os homens vos odiarem, e quando vos repelirem e carregarem de injúrias, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem”. 
23 “Alegrai-vos nesse dia, e exultai, porque será grande a vossa recompensa no Céu; porque era assim que os pais deles tratavam os profetas”.
24 “Mas, ai de vós, ó ricos[1]! porque tendes a vossa consolação (neste mando)”. 
25 “Ai de vós os que estais saciados! Porque vireis a ter fome. Ai de vós os que agora rides! Porque gemereis e chorareis”. 
26 “Ai de vós, quando os homens vos louvarem! Porque assim faziam aos falsos profetas os pais deles”.
27 “Mas digo-vos a vós, que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam”. 28 “Abençoai os que vos amaldiçoam, e orai pelos que vos caluniam”. 
29 “Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não o impeças de levar também a túnica”. [2] 
30 “Dá a todo aquele que te pede; e ao que leva o que é teu, não lho tornes a pedir”. 
31 “E o que quereis que vos façam os homens, fazei-o vós também a eles”. 
32 “Se vós amais os que vos amam, que mérito tendes? Porque os pecadores também amam quem os ama”. 
33 “E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito tendes? Porque os pecadores também fazem isto”. 
34 “E, se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito tendes? Porque os pecadores também emprestam aos pecadores, para que se lhes faça outro tanto”.
35 “Amai pois os vossos inimigos; fazei bem e emprestai, sem daí esperardes nada; e será grande a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e para os maus”. 
36 “Sede pois misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso”.
37 “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados. Perdoai, e sereis perdoados”. 
38 “Dai, e dar-se-vos-á; (dai generosamente e) uma medida boa, cheia e recalcada e acogulada, vos será lançada no seio. Porque, com a mesma medida com que medirdes (para os outros), será medido para vós”. 
39 E dizia-lhes também esta comparação: “Pode porventura um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco?”. 
40 “O discípulo não é mais que o mestre; mas todo (o discípulo) será perfeito, se for como seu mestre”.
41 [3] “Porque vês tu a aresta no olho do teu irmão, e não reparas na trave que tens no teu olho?” 
42 [3] “Ou como podes tu dizer a teu irmão: ‘Deixa, irmão, que eu tire do teu olho a aresta, não vendo tu mesmo a trave que tens no teu?’ Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e depois verás para tirar a aresta do olho de teu irmão”.
43 [4] “Porque não é boa árvore a que dá frutos maus, nem má árvore a que dá bom fruto”. 
44 [4] “Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Pois nem se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas de um abrolho”. 
45 “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau do mau tesouro tira o mal. Porque a boca fala da abundância do coração”.
46 “Porque me chamais vós ‘Senhor, Senhor’, e não fazeis o que Eu vos digo?”. 
47 “Todo o que vem a Mim, e ouve as minhas palavras, e as põe em prática, Eu vos mostrarei a quem ele é semelhante”. 
48 “É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou profundamente, e pôs os alicerces sobre rocha; e, vindo uma inundação, investiu a torrente contra aquela casa, e não pôde movê-la, porque estava fundada sobre rocha”. 
49 “Mas o que ouve, e não pratica, é semelhante a um homem, que edificou a sua casa sobre a terra sem fundamentos, contra a qual (casa) investiu a torrente, e logo caiu, e foi grande a ruína daquela casa”. 






Novo Testamento. Tradução do Padre Matos Soares, 1950, pp. 2162-2165.


Notas do Padre Matos Soares:

[1] “Ai de vós, ô ricos!” Jesus refere-se aos ricos que põem nas riquezas todos os seus afetos, e não fazem delas o uso que Deus quer. 
[2] Ver nota, Mat V,39-40. 
[3] 41-42. Procuremos antes de tudo corrigir os nossos defeitos, e depois ficaremos com autoridade para corrigir os defeitos dos outros. 

[4] 43-44. Nesta semelhança encontra-se desenvolvido o pensamento precedente. A árvore má é o que tem a trave no olho. Como pode dar bons frutos, isto é, como pode converter os outros, escandalizando-os com as suas más obras? 


       

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