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domingo, 11 de novembro de 2018

A Adúltera


A ADÚLTERA 


Na Casa Provincial dos Padres da Missão, na Rua dos Virgens, 51, em Nápoles, se conserva, visível ao público, um quadro que representa Jesus Crucificado em papel colado sobre tela, emoldurado por uma pequena moldura de madeira. O extraordinário está no fato de ter as marcas de duas mãos gravadas a fogo na parte inferior. Qual é a origem dessas impressões?  

Em Florença, um jovem mantinha um relacionamento desonesto com uma mulher casada. O pai do jovem lamentava o fato, e repetidamente repreendia seu filho; aliás, ele havia implorado aos Missionários Lazzaristas de Florença para que o chamassem à razão, mas sem sucesso. Uma doença súbita atingiu a mulher, levando-ao ao túmulo em poucos dias. O jovem esteve prestes a enlouquecer de dor, e seu pai, aproveitando-se de um retiro de exercícios espirituais que estavam realizando na Casa dos Missionários, em S. Jacopo Sopr'Arno [uma igreja de Florença], convidou o filho para participar. Ele aceitou e foi recebido com cordialidade.  


Na noite do primeiro dia de exercícios, enquanto os outros exercitantes haviam descido até o refeitório para jantar, o nosso jovem não estava em seu lugar. Será que havia adormecido?, pensa o diretor, e vai até o seu quarto, bate à porta, sem receber resposta; bata de novo, nada. Ele abre a porta e encontra o quarto cheio de fumaça que imediatamente o envolve. Pensa em um incêndio e pede ajuda. Vários confrades acorrem e, através da fumaça parcialmente dissolvida pela porta aberta, veem o jovem estendido no chão e sem sinais de vida. Transportando-o para a cama e com os devidos cuidados, conseguem que ele retome os sentidos. O diretor procura pelo quarto a causa do suposto fogo e, com grande surpresa, se depara com o genuflexório queimado em quatro lugares, isto é, onde se apoiam os joelhos e os cotovelos, e vê no quadro do Crucificado as marcas de mãos ardentes como se tivessem sido feitas por ferro em brasa.  

Ele não se dá conta do que aconteceu até que o jovem, já acordado, não lhe explica como, pouco antes do jantar, enquanto ainda estava em seu quarto, lhe aparecera a amante todo envolta em fogo: "É por sua causa", gritou-lhe  ela ameaçadoramente, "que estou no Inferno! Esteja atento! Deus quis que eu lhe desse o aviso; e para que você não duvide da realidade de minha aparição, deixo-lhe um sinal". Ajoelhando-se no genuflexório e tocando o quadro, deixa neles as marcas de fogo que agora se veem. O jovem se converte. Por serem as duas famílias muito conhecidas em Florença, o Superior, a fim de lhes preservar a honra, procurou esconder o fato. O Padre Scaramelli, Superior da Casa, manteve consigo o quadro e o genuflexório, até que, chamado à obediência em Nápoles, trouxe consigo o quadro, deixando-o na Casa da Rua dos Virgens.  

Isto tudo é narrado no "Petit Pré spir. de la Congr. de la Mission (Paris, 1880)". Uma narração mais curta se encontra na vida de Santo Afonso de Ligório, escrita por Tannoia[*]. O quadro é conservado em Nápoles; o genuflexório o fizeram desaparecer. Sobre o episódio, o Padre Mario Sorrentino conduziu um estudo crítico ("Anais da Missão", 1962), chegando a esta conclusão: "Cremos que podemos afirmar a verdade do fato como é comumente narrado, sem, contudo, atribuir idêntico valor histórico a cada detalhe". 

Fontes:  
1. Facebook: Uniamoci per aiutare le le Anime Sante del Purgatorio (Unemos-nos para ajudar as Almas Santas do Purgatório). 
2. Venuti dall'Aldilá. Padre Giuseppe Pasquali. Edizioni San Paolo. 1995. pp. 60-62. 
Tradução: Giulia d'Amore. 
  


[*] Padre Antonio Maria Tannoia. "Della Vita ed Istituto del venerabile servo di Dio Alfonso M. Liguori vescovo di S. Agata de Goti e fondatore della Congregazione de Preti Missionari del SS. Redentore": http://www.intratext.com/ixt/ita2115 (em italiano). 



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