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sábado, 9 de julho de 2016

Santos Mártires de Gorkum

9 de julho


Santos Mártires de Gorkum


  


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Mártires de Gorkum (ou Mártires gorcumienses) foram um grupo de dezenove religiosos católicos martirizados em 1572, na cidade holandesa de Gorkum (ou Gorcum).   

Quando, no século XVI, as heresias de Lutero e Calvino conseguiram insinuar-se na Holanda, lá, como na Alemanha e na Suíça, foram causadores de graves distúrbios. Os calvinistas rebelaram-se contra o governo do rei Filipe II e, chefiados pelo Príncipe Guilherme I d' Orange, tomaram à força armada algumas cidades, entre estas a de Gorkum.

O governador retirou-se para o castelo, em companhia de alguns católicos, dois párocos, onze frades franciscanos e alguns sacerdotes seculares. Os calvinistas, senhores que se fizeram da cidade, forçaram o castelo à rendição. Esta se efetuou sob a condição, porém, de ser garantido livre egresso a todos. Os calvinistas, desprezando esta combinação, aprisionaram o comandante, todos os clérigos e dois cidadãos, dos quais um foi enforcado imediatamente.

Os sacerdotes eram de preferência alvo do furor calvinista. Maus tratos revezavam com ameaças de morte, e finalmente foram todos metidos num calabouço subterrâneo. Em uma sexta-feira, lhes deram carne a comer. Querendo eles, porém, observar a abstinência, tiveram de suportar toda a sorte de sofrimentos e injúrias.



Ergueram em sua presença uma força ameaçando-os com a morte, se não quisessem negar a fé no Santíssimo Sacramento. Ao vigário, padre Nicolaas Janssen (Poppel) um dos bandidos pôs a arma na testa e berrou aos ouvidos: “Anda, padre! Como é? Tantas vezes declaraste no púlpito que estavas pronto a dar a vida pela Fé. Pois então, dize! Estás mesmo disposto?”. O padre respondeu: “Dou a minha vida com muito prazer, se é em testemunho da minha Fé e principalmente do artigo por vós rejeitado, o da presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento. Perguntado pelos tesouros, que supunham estarem escondidos no castelo, padre Nicolau não soube dar informações a respeito. O calvinista lançou-lhe então uma corda ao pescoço, puxou-o de um lado para o outro, até que caiu como morto.

Chegara a vez dos Franciscanos. Ao frei Nicásio Johnson van Heeze, puseram o mesmo cordão ao pescoço, arrastaram-no à porta do cárcere. Lá chegando, meteram a corda por cima da porta e puxando com força, suspenderam a vítima a altura considerável, para imediatamente deixarem cair. Isto praticaram com diabólico prazer. Afinal a corda rebentou, e o pobre padre caiu pesadamente ao chão, sem mais dar sinal de vida. Para verificar se estava vivo ou morto, os soldados trouxeram velas, queimaram-lhe a testa, o nariz, as pálpebras, as orelhas, a boca e finalmente a língua.

Como o padre não desse mais sinal de vida, deram-lhe pontapés e disseram com ar de desprezo: “ É um frade, que importa?” Mas o padre não estava morto, tanto que no dia seguinte os bandidos tiveram sua satisfação de poder continuar as crueldades.

Durante toda a noite, os padres estiveram entregues à sanha daqueles demônios em figura humana. Não havia nada que abrandasse o furor dos endiabrados hereges. Davam bofetadas nos religiosos, com tanta força e brutalidade, que lhes corria o sangue pelo nariz e pela boca. O padre Willeadus van Deen, um venerável ancião de noventa anos, repetia a cada bofetada que recebia, a jaculatória: “Deus seja louvado!” Os algozes, sentindo-se fatigados de tanto bater, ajoelhavam-se diante dos padres e entre risos de escárnio, arremedavam a confissão, proferindo nesta ocasião obscenidades e blasfêmias horríveis e asquerosas.   


Em outra ocasião, amarraram os religiosos dois a dois e obrigaram-nos a andarem em fila, imitando a procissão e a cantar o “Te Deum” e tudo isto sob a algazarra satânica da soldadesca desenfreada. Depois puseram dados nas mãos das vítimas para assim, à guisa do jogo, tirar a sorte a quem deles primeiro havia de subir à forca. O padre Guardião exclamou: “Não se faz mister de jogo, estou pronto, porque já passei por esta delícia”. 

Os católicos de Gorkum envidaram todos os esforços para libertar os prisioneiros. Para este fim, dirigiram uma petição ao príncipe de Orange. Os calvinistas, suspeitando qualquer reação, tiraram aos franciscanos o hábito, e despacharam-nos, com outros sacerdotes, na noite de 5 a 6 de julho, para Briel, à residência do clerófobo barão de Lumey, Guillaume de la Marck, chefe dos "mendigos do mar", os piratas calvinistas.

A pena se nega a fazer a descrição de tudo que aqueles religiosos tiveram de sofrer, dos verdugos e do populacho fanático. Em Dordrecht, estava à espera um navio, que devia levá-los até Briel. Antes do embarque, um bando de calvinistas arrastou os mártires a um lugar perto do rio, onde estava aparelhada uma forca. Como cães raivosos, atiraram-se sobre as pobres vítimas, e o ar encheu-se de insultos e vitupérios como estes: “Eis aí a vossa Igreja! Ide, rezai a vossa Missa”. Em seguida, obrigaram-nos a passarem três vezes em volta da força, sendo a última vez com os joelhos no chão, sob o canto da “Salve Rainha”. Enquanto os religiosos se puseram a obedecer esta ordem ridícula e estapafúrdia, choviam-lhes bengaladas e pedradas às costas. O padre vigário Jerônimo van Weert, ou de Jerusalem, vendo estas indignidades, não mais se conteve e disse: “Que estou presenciando? Estive entre turcos e infiéis, mas coisa igual a esta eu nunca vi!” .  


Finalmente, o triste cortejo chegou a Briel (Brielle). Lá o esperava o barão de Lumey, com dois pregadores da seita e alguns magistrados. Todos se empenharam para conseguir dos prisioneiros a renúncia à Fé, em particular ao dogma da real presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento. Foram baldados os esforços. Os mártires unanimemente rejeitaram as propostas feitas e preferiram continuar na prisão. O cárcere que os recebeu, era uma pocilga imundíssima.

Uma ordem do príncipe de Orange, de por em liberdade os prisioneiros, não foi cumprida. O barão de Lumey, embriagado de ódio e vinho, mandou-os levar, alta noite, às ruínas do convento Rugem, que pouco antes tinha sido incendiado pelos calvinistas.

Restara ainda o celeiro. O padre Guardião foi lá mesmo enforcado, depois de ter animado os irmãos à perseverança. Depois dele, foram estrangulados todos os companheiros. A sanha satânica dos calvinistas nem respeitou os cadáveres dos mártires. Cortaram-lhes o nariz, as orelhas e levaram-nos como troféus de vitória nos capacetes e chapéus. Os católicos resgataram por muito dinheiro os corpos dos santos irmãos e transportaram-nos para Bruxelas; hoje repousam na Eglise-cathédrale de Saint Nicolas le Thaumaturge, que hoje é a sede da Eparquia de Bruxelas e Bélgica para a Igreja Ortodoxa Russa.   


Clemente X beatificou-os em 1673, e Pio IX os canonizou, em 29 de junho de 1865. Sua história foi reconhecida por Guillermo Hessels van Esten em sua Historia Martyrum Gorcomiensium, publicada em Douai, em 1603.  

  


Os nomes dos gloriosos mártires de Gorkum: 




OS FRANCISCANOS MENORES OBSERVANTES

1. São Nicolaas Pieck ou Pichi, atestado também como Nicolò Pick (Sansepolcro, 1534 - † Brielle, 9 luglio 1572) – Prior do convento dos Menores Observantes de Gorcum. Estudou na Universidade de Louvania; era Padre.
2. São Jerônimo van Weert, ou de Jerusalem (1522 - † Brielle, 9 luglio 1572) – Vicário do convento dos Menores Observantes de Gorcum. Estudou em Jerusalem.
3. São Nicásio Johnson de Heeze (Heeze, 1522 - † Brielle, 9 luglio 1572) – Teólogo, estudou na Universidade de Louvania. Dominicano.
4. São Dirk (Teodorico) van Embden (Amersfoort, 1499 - † Brielle, 9 luglio 1572) – diretor espiritual das Clarissas do Mosteiro de Santa Agnes de Gorcum.
5. São Govert (Goffredo) van Melveren (próximo a Tongres, 1512 - † Brielle, 9 luglio 1572) – confessor e liturgista do convento dos Menores Observantes de Gorcum.
6. São Antonius van Weert (Weert, 1523 - † Brielle, 9 luglio 1572) – pregador.
7. São Antonius van Hoornaert (Hoornaar - † Brielle, 9 luglio 1572).
8. São Willeadus van Deen (Dinamarca, 1482 - † Brielle, 9 luglio 1572) – Franciscano holandes refugidao nos Países Baixos, o mais idoso dos mártires.
9. São Francisco van Roye (Bruxelles, 1549 - † Brielle, 9 luglio 1572) – o mais jovem dos frades, estudara em Bruxelles.
10. São Cornelius van Wijk (Wijck, próximo a Anversa, 1548 - † Brielle, 9 luglio 1572) – irmão leigo.
11. São Petrus van Asch (Asch, próximo a Anversa, 1548 - † Brielle, 9 luglio 1572) – irmão leigo.


OS SACERDOTES SECULARES

12. São Leonardus van Vechel (Bois-le-Duc, 1527 - † Brielle, 9 luglio 1572), parroco de Gorcum – estudou na Universidade de Louvania, com 39 anos, paroco há 16. Sua resistência ao calvinismo se fundava nos ensinamentos de seu meste Rudyard Tapper, professor de teologia e grande adversário da doutrina da Reforma.
13. São Nicolaas Janssen (Poppel) (Weelde, 1532 - † Brielle, 9 luglio 1572) - "Poppel" é o nome da aldeia onde nasce, próxima de Weelde (Anversa). Estudou na Universidade de Lovania. Era paroco da outra paroquia de Gorcum.
14. São Govert (Godofredo) van Duynen (Gorcum, 1502 - † Brielle, 9 luglio 1572) - sacerdote secular; estudou em Paris antes do sacerdócio que exerceu primeiro no norte da França, depois em Gorcum.
15. São Andreas van Wouters (1542 - † Brielle, 9 luglio 1572) - paroco de Heinenoord.


OUTROS RELIGIOSOS

16. São Adrian van Hilvarenbeek (Hilvarenbeek, 1528 - † Brielle, 9 luglio 1572) – monje premonstratense. Recém nomeado pároco da aldeia de Monster.
17. São Jacob van Lakop (Audenarde, 1541 - † Brielle, 9 luglio 1572) - norbertino, vicário de Monster.
18. São Johannes Lenaerts van Oosterwiyk (1504 - † Brielle, 9 luglio 1572), canônico regolar de Santo Agostinho.
19. São João de Colonia († Brielle, 9 luglio 1572), Dominicano, pároco de Hoornaar.



Fontes



Leia também: 
http://freimilton-ofm.blogspot.com.br/2010/07/martires-de-gorkum.html.
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