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segunda-feira, 22 de junho de 2015

EDITORIAL: LAUDATE SI'... Mas quem?

A nova encíclica de Francisco começa bem, mas não completa a frase.  

Embora conste da primeira linha do primeiro parágrafo a frase completa com que se inicia o célebre poema/oração de São Francisco: "Laudato sí, mi' Signore", deixando bem claro a Quem o Poverello de Assis se dirigia, o título da encíclica encurta a frase sem deixar claro a quem se dirige, a quem louva, quem é o seu senhor.  

Bastante revelador, pois se coaduna com a linguagem ambígua e confusa, típica do modernismo. 

Eu não a li toda, apesar de não ser longa. Nem pretendo fazê-lo. Não passei dos prolegômenos, depois de contabilizar pelo menos três razões válidas o suficiente para que esse documentos esteja listado no Index Prohibitorum(*), além de três motivos secundários, mas também importantes: os documentos que a baseiam, os colaboradores diretos ou indiretos e a receptividade pelo mundo. 
(*) O Index é a lista de livros, textos, escritos, obras que os católicos não devem ler nem possuir, por serem heréticos ou trazerem algum risco à alma. E antes que alguém use o pretexto do estudo, lembro que não é permitido fazer estudo sponte propria, pois é necessária a autorização eclesiástica. E, nem a simples curiosidade, nem o desejo de contra-argumentar os hereges são pretextos válidos para "estudos", uma vez que a Igreja possui obras relevantes de autores consagrados que bastam para contra-argumentar qualquer herético de qualquer gênero e grau.  


OS DOCUMENTOS 

Para não perderem tempo com a leitura de mais esse documento de Francisco, basta saber que, entre os escritos que serviram de base para a encíclica, estão dois documentos da esfera do ativismo ecológico: (1) a Carta da Terra, um documento da ONU, equiparável à Declaração dos Direitos Humanos, só que do meio ambiente, e que vem assinado pelo então presidente da ONU, Miguel d'Escoto, e o ex-padre e TL Leonardo Boff, e que é "fruto de uma vasta consulta de mais de duzentas mil pessoas de todas as orientações, sob a direção de Michail Gorbachev" (líder russo comunista), segundo o próprio Boff, em uma entrevista que ele deu ao Jornal do Brasil online, onde é colunista. E (2) a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento 

Além desses dois, há uma série de documentos pós-conciliares eivados pelo vício do Vaticano II: o próprio e onipresente CVII; os documentos de quase todos os papas pós-conciliares: João Paulo II, Bento XVI, João XXIII e Paulo VI; os documentos de várias Conferência Episcopais, sobretudo da América Latina, de matizes TL; o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (por "um humanismo integral e solidário"); o modernista Catecismo da Igreja Católica; de vários outros documentos de grandes santos católicos, de que falaremos depois. 

Segundo Leonardo Boff, que tece copiosos elogios à encíclica bergogliana: "A estrutura da encíclica obedece ao ritual metodológico usado por nossas igrejas e pela reflexão teológica ligada à prática de libertação, agora assumida e consagrada pelo Papa: ver, julgar, agir e celebrar", pois "Os temas da 'casa comum', da 'mãe Terra', do 'grito da Terra e do grito dos pobres', do 'cuidado', da 'interdependência entre todos os seres', 'do valor intrínseco de cada ser', dos 'pobres e vulneráveis', da 'mudança de paradigma', do 'ser humano como Terra' que sente, pensa, ama e venera, da 'ecologia integral' entre outros, são recorrentes entre nós" (aqui).  

Ou seja, Boff confirma que Francisco é, sim, filho da Teologia da Libertação. Mais claramente, Francisco é, sim, um marxista.  


OS COLABORADORES 

Mas quem é Boff? Segundo Wikipédia: "Leonardo Boff, pseudônimo (agora nome religioso virou pseudônimo) de Genézio Darci Boff, é um teólogo brasileiro, escritor e professor universitário, expoente da Teologia da Libertação no Brasil. Foi membro da Ordem dos Frades Menores (franciscanos). Atualmente dedica-se sobretudo às questões ambientais". Ele vive maritalmente com uma feminista desde antes de, por si só, deixar de ser padre (aqui), embora diga: "Continuei e continuo dentro da Igreja e fazendo teologia como antes". 
 
Entre os que colaboraram, direta ou indiretamente, da elaboração dessa encíclica anticatólica, estão alguns hereges, como ex-católicos, cismáticos, e até mesmo um muçulmano. Novidade que não estranha porque, se Francisco lhes beija os pés, por que não escreveria um documento "da Igreja" com a colaboração doutrinária deles? E não se espantem, pois a próxima encíclica, pelo andar del coche, poderá contar com a colaboração de alguns gays declarados.

Entre os citados na encíclica estão Pierre Teilhard de Chardin e Romano Guardini - que Boff alcunha de católicos, como se o título impróprio que lhes confere tivesse o condão de levantar as condenações da própria Igreja!. A encíclica cita ainda ao jesuíta Juan Carlos Scannone, também da TL, tido pela mídia como o maior teólogo argentino da atualidade. 

Pierre Teilhard de Chardin: As primeiras condenações de Teilhard de Chardin ocorreram em 1918, logo após a morte de São Pio X. Em 1922, escreveu a "Nota sobre algumas representações históricas possíveis do pecado original", que gerou um dossiê da Santa Sé, por negar o dogma do pecado original, pelo qual veio a se retratar e deixou a cátedra em Paris onde ensinava para embarcar para Tianjin na China, onde lhe foi permitido trabalhar em pesquisas científicas, mas suas publicações passaram a ser cuidadosamente revisadas. Entre novembro de 1926 e março de 1927, a pedido do editor de Museum Lessianum, escreveu "O Meio Divino", que foi submetido a dois censores romanos que a consideraram aceitável, mas o cônego encarregado pelo Imprimatur submeteu a obra a teólogos romanos que a consideraram suspeita. Ainda em Pequim, escreveu "O Fenômeno Humano", encaminhando várias revisões para Roma (1940) para receber o nihil obstat, mas sem sucesso. Em 1946, retornou a Paris, onde foi convidado a lecionar no Collège de France, mas, temendo novas sanções por parte da Santa Sé, dirigiu-se até Roma, em 1948, resultando na proibição de ensinar no colégio da França e de publicar O Fenômeno Humano. Em 1950, foi promulgada a encíclica Humani Generis, pelo papa Pio XII, que, na opinião do próprio de Chardin, bombardeava as primeiras linhas de seu trabalho. No mesmo ano de sua morte, 1955, as Éditions du Seuil lançaram o primeiro volume das Ouevres de Teilhard de Chardin, mas o Santo Ofício solicitou ao Arcebispo de Paris que detivesse a publicação das obras. Em 1957, um decreto deste mesmo órgão determinou que estes livros fossem retirados das bibliotecas dos seminários e institutos religiosos, não fossem vendidos nas livrarias católicas e não fossem traduzidos (vejam a importância que a Igreja dá à proteção das almas! Não se devem traduzir obras heréticas! Assim como não se devem possuir em casa ou, de qualquer forma, ler!), mas este decreto não teve muita adesão, pois o liberalismo já impregnava a Igreja. Cinco anos mais tarde, uma advertência foi publicada, para que os padres, superiores de Institutos Religiosos e seminários e reitores das Universidades protegessem os espíritos, principalmente o dos jovens, contra os perigos da obra de Teilhard de Chardin e seus discípulos. Segundo esta advertência, "sem fazer nenhum juízo sobre o que se refere às ciências positivas, é bem manifesto que, no plano filosófico e teológico, estas obras regurgitam de ambiguidades tais e até de erros graves que ofendem a doutrina católica". A sua obra continuou a ser editada, chegando ao décimo terceiro volume em 1976, pelas Éditions du Seuil, e foi traduzida em diversos idiomas. Em 12 de maio de 1981, por ocasião da comemoração do centenário do seu nascimento, de Chardin teve sua obra reconhecida pela Igreja visível, através de uma carta enviada pelo cardeal Agostino Casaroli, secretário de Estado do Vaticano, ao reitor do Instituto Católico de Paris. A carta afirma: "Sem dúvida, o nosso tempo recordará, para além das dificuldades da concepção e das deficiências da expressão dessa audaciosa tentativa de síntese, o testemunho da vida unificada de um homem aferrado por Cristo nas profundezas do seu ser, e que teve a preocupação de honrar, ao mesmo tempo, a fé e a razão, respondendo quase que antecipadamente a João Paulo II: 'Não tenham medo, abram, escancarem as portas a Cristo, os imensos campos da cultura, da civilização, do desenvolvimento'...". De Chardin foi precursor do "evolucionismo cristão", inspirado por "A origem das espécies" de Darwin, que, segundo seus defensores, levou a teologia a repensar o surgimento do universo e do ser humano. "Assim, para Chardin, o fenômeno humano não completou a sua trajetória e não alcançou a necessária conclusão, mas tal movimento está implícito na lógica do desenvolvimento do próprio fenômeno. Então o Cristo, para este cientista e teólogo, pode ser proposto à ciência como biótipo do fenômeno humano, como modelo que o humano poderá atingir com a evolução, e o Evangelho como a lei social da unidade coletiva representada pela humanidade do futuro. Esse é o processo da evolução, numa correlação das compreensões da ciência e da espiritualidade cristã. E o humano faz parte deste processo." (Cf. aqui, vide também).

Romano Guardini: foi sacerdote, escritor e teólogo italiano naturalizado alemão, professor em Tubinga (1945-1948) e em Munique (1948-1962). Não participou do CVII por motivos de saúde, mas não deixou, por isso, de exercer sua nefasta influência na comissão litúrgica para a qual fora designado, apesar de ser parte do Movimento Litúrgico na Alemanha. Guardini guiou um movimento juvenil de essência naturalista, chamado Quickborn - que se assemelhava bastante à RCC, embora não seja centrado na mesma espiritualidade - que propunha uma renovação na liturgia e no próprio conceito de Igreja, e que proclamava o tríplice direito dos jovens: juventude, liberdade e alegria. A liberdade, aliás, era colocada bastante em evidência. Guardini foi e continua sendo o mestre de Bento XVI. Com seu livro "Espírito da Liturgia", Guardini participava do Movimento Litúrgico progressista da Alemanha. O liturgicismo foi condenado pelas encíclicas Mediator Dei e Mystici Corporis Christi, de Pio XII. Bento XVI, o queridinho de muitos pseudo-tradicionalistas, escreveu um livro com base no livro de Guardini: "Introdução ao Espírito da Liturgia", cujo título, segundo a sinopse da Edições Loyola: "recorda a famosa obra de Romano Gurdini que, nos primeiros decênios do século passado, deu origem ao movimento litúrgico. Seguindo os passos do predecessor, o cardeal Ratzinger pretende ajudar os fiéis, que se tornaram inseguros depois de décadas de experimentações pós-conciliares, a olhar para a fonte escondida da vida eclesial. Aqui se desenvolve a ação litúrgica que nos sacramentos, particularmente na Eucaristia, permite tomar parte na ação salvífica de Cristo. Esta tem dimensão universal, pela qual os fiéis podem dar voz à liturgia do cosmo, unir suas vozes aos justos do Antigo Testamento e elevar, junto com os redimidos, o canto de lovor ao Cordeiro (Ap 15). No estilo próprio do autor, a obra abre ao leitor grandes espaços de contemplação, mas não carece de motivos polêmicos, propostos com a habitual franqueza. Pela clareza da escrita e pela profundidade do pensamento, Introdução ao espírito da liturgia se apresenta como uma das obras mais interessantes não só do cardeal Ratzinger, mas de toda a produção religiosa dos últimos anos" (cf. aqui). Então, bem se vê como esse herege influenciou o predecessor de Francisco, que cita os dois na encíclica.

Juan Carlos Scannone é teólogo jesuíta e ex-professor de diversas universidades latino-americanas e europeias, incluindo a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, e ex-reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia da Universidad del Salvador, em Buenos Aires. Scannone afirmou, em entrevistas, que Francisco tem uma "Teologia do Povo", que é uma das quatro corrente da Teologia da Libertação, segundo o próprio Scannone, que tenta, assim, livrar a cara do colega e compatriota, que, visivelmente, não tem nenhuma profundidade teológica. “O povo de Deus e os povos da terra” são temas centrais na Teologia do Povo. Segundo os TLs, a cultura tem um papel fundamental nesta "reflexão", porque é a partir da cultura que se concebe esse povo. “Daí a importância que tem para a Teologia do Povo a evangelização da cultura e a inculturação do Evangelho; é uma questão teológica e pastoral, e isso é muito Bergoglio”, afirma Scannone (Cf, aqui)

Outros colaboradores da encíclica são o cismático patriarca da Igreja Ortodoxa, Bartolomeu I, a quem Francisco dedica dois parágrafos e foi quem leu publicamente o documento no dia 18 de junho. O herético líder muçulmano Ali Al-Khawwas, figura do sufismo medieval no Egito e que Francisco apresenta como "mestre espiritual". E, ainda, o herético protestante francês Paul Ricœur, que descreve suas raízes filosóficas assim: "Se reflito, dando um passo para trás de meio século [...], sobre as influências que reconheço ter sofrido, sou grato por ter sido desde o início solicitado por forças contrárias e fidelidades opostas: de uma parte, Gabriel Marcel (um convertido ao Catolicismo que também era existencialista e seguidor do anarquista cristão Søren Kierkegaard), ao qual acrescento Emmanuel Mounier (raiz e fundador do personalismo); de outra, Edmund Husserl (judeu luterano e fenomenologista)". Ricoeur forma-se, assim, em contato com as ideias do existencialismo, do personalismo e da fenomenologia

E, para não dizer que não falou das flores... até cita santos da Igreja Católica, como São Francisco de Assis, São Tomás de Aquino, São João da Cruz, São Basílio Magno, São Bento e São Boaventura, mas os contempla en passant ou com curtas frases, que se perdem entre tantas bobagens, absurdos e heresias. Talvez querendo dar um toque tradicional, uma aparência de teologia ao documento.  

A encíclica menciona também o beato francês Charles de Foucauld, como alguém que "desenvolveu também uma rica e sadia compreensão do trabalho". E até mesmo o escritor, poeta e político italiano, Dante Alighieri; deste, uma única frase: "amor que move o sol e as outras estrelas" (Divina Comédia. Paraíso, Canto XXXIII, 145), ao descrever o Criador. 

Por fim, Francisco menciona Tomás de Celano, como biógrafo de São Francisco de Assis. Contudo, a Igreja determinou que todas as biografias anteriores à de São Boaventura de Bagnoreggio, que a encíclica também menciona, fossem substituídas e totalmente destruídas (aqui). Pelo visto, a desobediência à Igreja é marca do Papado de Francisco.   


A RECEPTIVIDADE DO MUNDO 

Não esqueçamos o impacto "positivo" que o documento produziu no mundo, tendo sido recebido de boa vontade e com festa por toda a mídia e as principais autoridades políticas mundiais e pelos ativistas ambientais. As repercussões ainda vão se multiplicar, por causa de todos os eventos ligados ao meio ambiente que teremos pela frente, mas quando o mundo aprova... é sinal de que é, no mínimo, suspeito! 


CONCLUSÃO 

Assim, há três boas razões para sequer ler essa encíclica: os documentos que a baseiam, o colaboradores diretos e indiretos e a receptividade pelo mundo. Fim de caso. 

Como se vê, trata-se de mais um documento que de católico tem muito pouco. Talvez, nem mesmo o título. Afinal, a quem serve Francisco?      

Giulia d'Amore  



Uso responsável da Encíclica ecológica "Laudate Si" 


Do blog Castigat Ridendo More

 
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2 comentários:

  1. Giulia você disse tudo! Reforço seu pensamento, a quem ou o que se presta essa encíclica?

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    1. Ele é parte de uma engrenagem maior. No fundo, sabemos bem a quem ele serve e a que se presta essa encíclica.

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