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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Santo Estevão, Rei da Hungria

02 de setembro

SANTO ESTEVÃO

Rei da Hungria e Confessor

Morte 15 de agosto de 1038 em Székesfehérvár, Reino da Hungria
Canonização 20 de agosto de 1083, Esztergom, Hungria por Papa Gregório VII
Principal templo Basílica de Santo Estêvão, Budapeste, Hungria
Festa litúrgica: 2 de setembro.
 



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Santo Estevão - O Rei Estêvão, o Grande, ou Santo Estêvão da Hungria (Szent István király em húngaro), c. 975 - 15/08/1038, foi o primeiro rei da Hungria - é indubitavelmente quem deu ao povo nômade dos magiares, procedente da Ásia e que no final do século IX se haviam assentado ao longo do Danúbio, a estabilidade política definitiva, sobretudo, no Catolicismo. Povo guerreiro e feroz, foi durante algum tempo o terror dos vizinhos territórios Cristãos; porém, convertido ao Cristianismo, foi posteriormente o mais decidido campeão na fé. 

A oração da post-comunio na missa diz que o zelo do rei em “propagar e fortalecer a fé do país lhe valeu a realeza celeste”

Géza de Humgria (c. 945 - 01 de fevereiro de 997), filho de Tacsônio e de Ibolya, denominado o Grande Príncipe (em húngaro: nagyfejedelem) dos magiares (972-997) era descendente de Árpád e o suserano nominal de todas as sete tribos magiares e da terra situado na Bacia dos Cárpatos. Géza era um chefe tribal magiar e o terceiro de seus duques depois de seu estabelecimento no centro da Europa, compreendeu a necessidade de orientar seu povo ao Cristianismo que professavam os povos circunvizinhos e, sob o influxo de São Alberto de Praga, recebeu o batismo. Seu exemplo foi seguido por um bom número da nobreza; porém, evidentemente, se tratava, em sua maioria, de conversões nominais.   


O que deu o passo definitivo e logrou enraizar definitivamente o Cristianismo no povo Magyar foi o terceiro filho (primeiro filho homem) do Rei Géza e de Sarolta (filha de Gyula, o Velho, da Transilvânia), chamado Vaik (significa "heroi"). Nascido na cidade de Esztergom, Vajk foi batizado aos 10 anos de idade por Santo Adalberto de Praga, juntamente com seu pai quando só contava dez anos, como pré-condição para receber de Roma a coroa da Hungria. Recebeu, então, o nome de Estêvão, em homenagem ao mártir da igreja primitiva, Santo Estêvão protomártir.

No ano de 995, aos vinte anos de idade, recebeu por esposa a Beata (1975) Gisela de Baviera, irmã do Imperador Santo Henrique II (casado com Santa Cunegunda) e filha do rei Henrique II da Baviera e de Gisela da Borgonha. Estêvão e Gisela tiveram ao menos três filhos, cujos nomes a história registrou: os varões Santo Américo (ou Imre ou Emerico ou Henrique) e Otão (Ottó) e a filha Edviges (Hedvig). Américo é retratado como príncipe modelo de pureza, habitualmente representado portando couraça e um lírio na mão. Ao que parece, Estêvão sobreviveu a todos os seus filhos, de modo que, após a sua morte, a coroa foi disputada por seus sobrinhos e primos, como veremos mais adiante.  

Pouco depois do se casamento com a beata Gisela, Estevão sucedeu a seu pai no governo de seu povo.

Em momento tão decisivo, certamente experimentou os atrativos de uma vida de liberdade e independência de todo jugo religioso, conforme os antecedentes de seu povo nômade e guerreiro; porém, preparado já pelo batismo e pela primeira educação recebida de seu pai, e atraído depois pelo afeto e pelas razões de sua esposa cristã, Gisela, decidiu-se pelo Cristianismo e se propôs desde o início fazer de seu povo um povo profundamente Cristão. Nos primeiros anos de seu governo, deu as mais claras provas de seu espírito guerreiro e do indomável valor de seu braço, pois em uma série de guerras com rivais de sua própria tribo e com alguns povos vizinhos, assegurou definitivamente sua posição e sua independência. Isto foi de extraordinária importância em todos os passos que foi dando sucessivamente, assegurando-lhe o prestígio militar que necessitava, cortando pela raiz todo princípio de rebelião contra a evidente superioridade que todos lhe reconheceram.

Uma vez assegurada sua posição, dedicou-se plenamente à consolidação do Cristianismo em seus territórios, para o qual lhe serviu de instrumento o monge Ascherik (ou Astrik), que, nomeado primeiro Arcebispo dos Magyares com o nome de Anastácio, se dirigiu a Roma, com a dupla comissão de Santo Estevão, de obter do Papa São Silvestre II (999-1003), antes de tudo, a organização de uma hierarquia completa na Hungria e, em segundo lugar, a concessão do título de rei para Estevão, segundo lhe instava a nobreza e a parte mais saudável de seu povo.

O Papa São Silvestre II viu claramente a importância de ambas as comissões, destinadas à consolidação definitiva do Cristianismo em um grande povo e, assim, com entendimentos com o jovem imperador Otão III, que se encontrava então em Roma, redigiu uma bula, na qual aprovava os bispos propostos por Estevão e lhe concedia com toda solenidade o título de Rei Apostólico (*), enviando para ele uma coroa real juntamente com sua bênção apostólica. Santo Estevão saiu ao encontro do embaixador de Roma, escutou de pé e com grande respeito a leitura da bula pontifícia, e no Natal do ano 1000 foi solenemente coroado rei. 

(*) O título da realeza apostólica importa acentuar. A monarquia húngara já preexistia à sua conversão. Mas, ele operando a conversão do povo húngaro, por assim dizer, fundou de novo o povo magiar. Pode-se dizer também, que ele refundou a própria monarquia porque ela nasceu para uma nova vida no próprio ato de conversão. O rei foi constituído em rei apostólico, por causa desse ato de apostolado. E enquanto rei apostólico ganhou a missão de continuar naquelas paragens a obra da expansão da Igreja, da defesa contra os turcos, em todas as circunstâncias e todas as necessidades que a Igreja naquela parte central da Europa. O caráter de rei apostólico conferiu à dinastia uma vocação especial. E com esta vocação especial uma graça especial. E com esta graça especial uma aliança de Deus com a família real. Essa aliança sustentou a missão da família enquanto as infidelidades não fossem tais que Deus fizesse com esta família o que fez com Saul. Quer dizer, toca para fora, e pega um outro. Ficou então na monarquia húngara algo de sagrado, como que um carisma, como que uma graça sobrenatural que a cerca, e que enche de respeito os povos. (Vide.)


Batismo de Vaik, agora Estevão
Desde este momento se pode dizer que o novo rei Santo Estevão da Hungria entregou-se totalmente à rude tarefa de converter o povo dos magiares em um dos povos mais profundamente Cristãos da Europa medieval. Antes de tudo, era necessário instruir convenientemente a maior parte de seus súditos, que não conheciam o Evangelho e que, pelo contrário, estavam imbuídos nas práticas pagãs. Para este trabalho de evangelização de seu povo, Estevão pediu ajuda aos monges cluniacenses, então em grande fervor e apogeu, e, efetivamente, seu célebre abade Santo Odilon, que lhe concedeu grande quantidade de missionários.

Por outro lado, organizou o rei uma série de novas dioceses. Seu primeiro plano foi estabelecer os doze projetos, porém, logo viu que devia proceder gradualmente, à medida que o clero ia capacitando-se para isso e as circunstâncias o permitiam. A primeira diocese foi a de Vesprem. Não muito depois a de Esztergom, que foi constituída em sede primaz, e assim foram seguindo outras.  


Paralelamente, Santo Estevão foi o grande construtor de igrejas. Assim, construiu a catedral metropolitana de Esztergom, outra em honra à Santíssima Virgem em Szekesfehervar, onde posteriormente eram coroados e enterrados os reis da Hungria. Santo Estevão estabeleceu neste lugar sua residência, pelo qual foi denominado Alba Regalis.

Desta forma, continuou avançando rapidamente a cristianização da Hungria, que constitui a grande obra de Santo Estevão. Os principais instrumentos foram os monges de São Bento. Estevão completou a construção do grande mosteiro de São Martinho, começado por seu pai. Este mosteiro, existente todavia em nossos dias, conhecido com os nomes de Martinsberg ou Pannonhalma, foi sempre o centro da Congregação beneditina na Hungria.

Em seu empenho, de cristianizar seu reino, protegeu a vida de piedade do povo em todas suas manifestações. Por isto, além de construir igrejas e mosteiros, organizou santuários dedicados à Santíssima Virgem, cuja devoção favoreceu e fomentou, ajudou e protegeu as peregrinações a Jerusalém e a Roma e, em geral, tudo o que significava fervor e vida cristã. Ao contrário, perseguiu e procurou abolir, às vezes com excessivo rigor, os costumes bárbaros ou supersticiosos do povo: reprimiu com severos castigos a blasfêmia, o adultério, o assassinato e outros crimes ou pecados públicos. Enquanto por um lado se mostrava humilde, simples e acessível aos pobres e necessitados, era intransigente com os degenerados e rebeldes para com a Religião.

Uma de suas ocupações favoritas era distribuir esmolas aos pobres, com os que se mostrava indulgente e paternal. Refere-se que, em certa ocasião, um grupo de mendigos caíram sobre ele, o maltrataram e roubaram o dinheiro que tinha destinado para os demais. O rei tomou com mansidão e bom humor este atropelo, porém, os nobres trataram de impedir que se expusesse de novo sua pessoa a outro ato semelhante. Sem embargo, a despeito de todos, ele renovou sua promessa de não negar nunca esmola a quem se lhe pedisse. Precisamente, este insigne exemplo de virtude, era o que mais influxo exercia sobre todos os que entravam em contato com ele.

Sobre esta base da mais profunda religiosidade, Santo Estevão deu uma nova legislação e organizou definitivamente a seu povo. Com o objeto de obter a mais perfeita unidade, aboliu as divisões de tribos e dividiu o reino em trinta e nove condados, correspondentes às divisões eclesiásticas. Além disso, introduzindo o sistema feudal, uniu fortemente a sua causa à nobreza. Por isto, Santo Estevão deve ser considerado como o fundador da verdadeira unidade da Hungria.

Certamente teve opositores e descontentes dentro e fora de seu território. Por isso, ainda que tão decidido amigo da paz, teve que fechar mão de seus extraordinários dotes de guerreiro para manter a unidade e defender seus direitos. Assim, venceu a Gyula de Transilvânia, e quando em 1030 o imperador Cornado II da Alemanha invadiu a Hungria, Santo Estevão ordenou penitências e orações em todo o reino e com tanto valor se opôs com seu exército às forças invasoras, que Conrado II teve que abandonar todo o território com incalculáveis perdas. Por outro lado, teve que manter seus direitos frente à Polônia, ajudou nos Balcanes aos bizantinos e realizou constantemente uma política de defesa dos interesses de seu território.

Os últimos anos de sua vida foram perturbados por infelicidades domésticas e dificuldades internas. Seu filho e sucessor, Santo Americo (ou Emerico), a quem Estevão tratava já de entregar parte do governo, morreu inesperadamente em 1031. As crônicas referem que, ao ter notícia desta tragédia, o santo rei exclamou: "Deus o amava muito, e por isto o levou consigo", porém, de fato, caiu em grande desalento. Mas as consequências desta tragédia foram sumamente lamentáveis. Os últimos anos de vida de Santo Estevão foram uma verdadeira teia de intrigas com relação à sucessão, que foram constantemente crescendo à medida que piorava a saúde de Estevão.

Entre os quatro pretendentes que se apresentaram o que mais distúrbios ocasionou foi o filho de Gisela, irmã (não a esposa!) do rei, mulher ambiciosa e cruel, que vivia na corte húngara e se propôs a todo custo apoderar-se do trono da Hungria. As constantes tristezas que todas estas coisas ocasionavam ao santo rei foram minando sua saúde, até que, no ano de 1038,
no dia da Grande Senhora (denominação, em virtude de um edito do santo rei, que os Húngaros dão a Nossa Senhora), entregou sua alma a Deus. foi enterrado em Szekesfehervar, ao lado de seu filho Emerico, enquanto sua esposa, Gisela, se retirava para o convento das beneditinas de Passau.

Rapidamente Estevão foi objeto da mais entusiasta veneração, pois o povo cristão mantinha a mais viva recordação de suas extraordinárias qualidades como guerreiro, como governante, como pai de seus súditos e como rei ideal cristão, mas sobretudo, estimava e louvava sua extraordinária piedade e espírito religioso, sua submissão à hierarquia e, particularmente ao Romano Pontífice, a quem se declarava devedor da coroa e de quem se declarou súdito feudal, e seu entranhável amor aos pobres.  


Já no ano 1083, suas relíquias, juntamente com as de seu filho Emerico, foram postas à veneração pública durante o governo de São Gregório VII, o qual equivalia à canonização dos nossos tempos.  

Rapidamente Santo Estevão se fez popular em toda a Europa cristã. Na Alemanha mantiveram-se verdadeiras correntes de devoção até às peregrinações húngaras, que ao longo da Idade Média acorriam grandes massas até Colônia ou Aquisgrão. Em territórios sumamente distantes se encontram pegadas desta veneração crescente por Santo Estevão da Hungria. Assim, se encontrou na Bélgica, na região de Namur, na Itália, em Montecassino e na própria Rússia. Este fenômeno se deve, indubitavelmente, à predileção que Santo Estevão mostrou sempre pelas peregrinações e o favor que sempre prestou aos peregrinos. Assim se explica quão salutar a Igreja lhe dedicar um ofício litúrgico na Hungria, que Inocêncio XI (1676-1689) estendeu a toda Igreja.

É curioso o antigo costume de apresentar um Santo Estevão extremamente ancião, sendo que morreu contando somente sessenta e três anos; e com um manto de coroação na forma de casula, de que ele mesmo havia feito donativo à igreja de Alba Regalis (Szekesfehervar).

Tendo presente, por um lado, como favoreceu constantemente a obra dos beneditinos e, por outro, como seu espírito profundamente religioso, sua piedade eminentemente litúrgica, sua hospitalidade e amor aos pobres o assemelham tanto ao espírito de São Bento, observa-se que Santo Estevão da Hungria foi um rei beneditino e levou ao trono o espírito da regra beneditina. Mais ainda. De certa maneira, se chegou a dizer, é mais beneditino que São Bento e seus filhos. Pois é conhecido que ele tinha o piedoso costume de entregar cada ano seu cargo na igreja de São Martinho, de fato, a regra de São Bento não pede tanto de seus abades.


Ele declarou Nossa Senhora a Padroeira da Hungria


Ínclito servo de Deus,
Luzeiro da santidade,
Que levantaste no tempo
Construção de eternidade!

Como o discípulo ao Mestre,
Foste seguindo a Jesus:
Assim, por onde passaste,
Ficou um rasto de luz.

As glórias vãs deste mundo,
Bem as soubeste deixar,
Para lá cima alto nome
Com letras de oiro gravar.

Foste bom e fiel servo,
Pondo a render o talento:
E o Senhor, em boa paga,
Deu-te em prémio cem por cento.

A Deus Pai e a seu Filho
E ao Espírito de amor,
Com os Anjos e os Santos,
Honra, glória e louvor.

Hino de Laudes


Referência bibliográfica: Biografia de Santo Estevão da Hungria, por Bernardino Llorca, S.I. - traduzido do original (em espanhol) para o português por Página Oriente.com - http://www.mercaba.org/SANTORAL/Vida/08/08-16_S_Esteban_rey.htm

Fontes: 

http://www.paginaoriente.com/santosdaigreja/ago/estevao1608.htm
http://santossanctorum.blogspot.com.br/2014/08/santo-estevao-o-apostolo-dos-hungaros.html.
http://heroismedievais.blogspot.com.br/2009/03/santo-estevao-monarquia-apostolica-da.html
 
  
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