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sexta-feira, 25 de julho de 2014

25 de julho - S. Tiago Maior, Apóstolo

25 de Julho

São Tiago Maior

Apóstolo
O Apóstolo da Espanha
+ 42 D.C. 


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Filho do pescador galileu Zebedeu, era o irmão mais velho de S. João Evangelista e não de São Tiago Menor, a quem se costuma confundir como irmão mais novo. Junto com João foi chamado por Cristo para tornar-se, com Pedro e André, num dos apóstolos. O epíteto o Maior significa justamente que foi um dos primeiros chamados. Junto a S. Pedro e S. João assistiu à Transfiguração e à Agonia de Cristo, no monte das Oliveiras. 

O glorioso Apóstolo Santiago, Maior, Luz e Patrono das Espanhas, foi natural da Província de Galileia, filho do Zebedeu e de Maria Salomé (filha de Alfeu ou Cleofas, irmão de São José, e de Maria: Maria de Cleofas), e irmão maior de S. João Evangelista, e primo de Jesus Cristo, segundo a carne. Foram pescadores, ambos os irmãos, como o foi o Pai Zebedeu, que vivia nas margens do mar da Galileia e devia ser pescador rico, pois tinha navio próprio e criados. S. Jerónimo diz que eram nobres. Quanto à vida de Tiago, deveremos tirar o que dele e do seu irmão dizem os sagrados evangelistas.

Estando um dia com o pai e o irmão a consertar redes, passou Jesus e disse-lhes: “Sigam-me”. João e Tiago imediatamente obedeceram; deixaram o pai e as redes e seguiram Jesus, como fiéis discípulos, para todo o sempre. Eles sempre estavam no grupo dos três: Pedro, Tiago e João. Eram, talvez, os mais íntimos.

Podemos entender também o pedido feito a Jesus, por Maria Salomé, de que os colocasse no seu Reino, um à sua direita e o outro à sua esquerda. Era um pedido de mãe; porém, provavelmente ela expressou o desejo mais íntimo dos dois apóstolos.

Naquele momento, Jesus, sem considerar o parentesco, repreendeu-os ainda e disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu hei de beber?”. Eles prontamente responderam: “Podemos”. Por fim o Senhor afirma que tal decisão cabe tão somente ao Pai.


Depois de os ter chamado, o Senhor mudou-lhes o nome, chamando-lhes Boanerges, que quer dizer, Filhos do trovão. Isto é coisa particular, digna de consideração, pois que só a S. Pedro e a estes dois irmãos, entre todos os apóstolos, lemos que o Senhor lhes trocou os nomes. A Pedro, mudando-lhe o nome de Simão em Pedro ou Cefas, porque seria a cabeça da Igreja e a pedra fundamental sobre a qual, depois de Cristo, ela deveria edificar-se. E a S. Tiago e S. João, porque depois de S. Pedro, seriam os mais próximos, familiares, mais favorecidos e prendados, como se vê em muitas coisas que lhes comunicou, excluindo os restantes. Levou-os consigo quando foi ressuscitar a filha do Chefe da Sinagoga, quis que fossem testemunhas da glória da sua sagrada humanidade, quando se transfigurou, e resplandeceu o seu divino rosto mais que o Sol no monte Tabor. Somente levou os três consigo, deixando os outros, quando foi rezar no horto de Getsémani e lhes mostrou a sua tristeza e agonia, a fim de o verem desfigurado e suando sangue, ao que antes tinham visto cheio com tanta glória e claridade. 


O evangelista Lucas narra um fato que caracteriza bem a índole dos dois irmãos, como também sua dedicação e fidelidade ao Mestre. E deu-lhes o nome de Filhos do trovão, como principais capitães do seu exército e que com a voz sonora da sua pregação e doutrina, a jeito de trovão, haveriam de espantar e converter o mundo e trazê-lo ao conhecimento e Fé no seu criador. E embora isto seja mais evidente em S. João, fundador, pai e mestre de todas as igrejas da Ásia, o qual fixando, como Águia-real, os seus limpos e agudos olhos nos raios do Sol, nos mostrou a geração do Verbo eterno. E, enquanto se ouviam trovões e relâmpagos espantosos do céu, também se cumpriu em Santiago, seu irmão que para além de ter pregado na Judeia e em Espanha, defendeu tantas vezes estes reinos e como terrível trovão e furioso raio, desbaratou e destruiu os exércitos dos mouros e de outros inimigos dos cristãos. E, com apoio e protecção deste glorioso apóstolo, os espanhóis levaram por todo o mundo o estandarte da cruz e plantaram nas Índias e noutras províncias e reinos a doutrina evangélica e deram a conhecer a gentes cegas os resplendores da divina luz. E refere o evangelista S. Lucas que indo o Senhor, próximo da Páscoa, a Jerusalém, enviou alguns dos seus discípulos adiante à cidade de Samaria onde haviam de passar, a fim de que preparassem o que haviam de comer. Porventura, como reconheceram, por seus modos e traje, que eram judeus e de diferente religião da sua, não foram bem recebidos pelos Samaritanos que não quiseram tratar com eles, nem admiti-los na sua cidade. Quando S. Tiago e S. João, seu irmão que eram filhos do trovão, viram a descortesia dos Samaritanos, movidos de zelo e desejosos de vingar a injúria que se fazia a Cristo, disseram-lhe: Senhor, não quereis que façamos descer fogo do céu e que toda esta gente seja abrasada? Mas o Senhor respondeu-lhes: Não sabeis de que espírito sois, dando a entender que aquele espírito e zelo que os movia, era espírito de vingança e não de brandura, espírito do Velho Testamento e não do Novo, de Elias e não de Jesus Cristo, o qual como tinha vindo a ensinar e ganhar os pecadores, assim o modo de os ensinar e ganhar devia ser brandura, suavidade e caridade evangélica.

Tiago, o irmão mais velho, sempre foi uma referência para João evangelista e para os demais discípulos, pois era corajoso e determinado. Santo Epifânio afirma que Tiago viveu sempre em perfeita castidade.


APOSTOLADO


Legenda palestina

Após o nascimento da Igreja institucional, em Pentecostes, Tiago, assim como os outros Apóstolos, certamente saiu para todos os lugares para pregar o Evangelho de Jesus Cristo, mas não se sabe quase nada da sua atividade apostólica, depois da Ascensão. Supôs-se que havia pregado a fé na Síria e na Judeia e que, quando regressou a Jerusalém, no ano 44, teria sido decapitado por ordem de Herodes Agripa. Desse modo, um dos primeiros apóstolos convocados por Jesus que se tornou o primeiro chamado por Deus. 


Para o apóstolo Tiago, o pior estava por vir, pois alguns dos seus o traíram e na Páscoa do ano de 42 foi decapitado, ao lado de seu acusador que por fim arrependeu-se e se caracterizou como o principal milagre de São Tiago.   

O modo como lhe deram a morte foi como segue. 

Como o santo apóstolo pregasse em Jerusalém e em toda aquela terra e convertesse muita gente à fé, os judeus manifestaram grande aborrecimento e com grande raiva e furor decidiram acabar com ele. E, para melhor realizar o seu intento, acordaram com um Mago e negromante, chamado Hermógenes e seu discípulo Fileto, a fim de que, com argumentos, convencesse o apóstolo e através dos demónios o maltratasse. Mas este, de tal maneira ficou convencido das razões do apóstolo e, com os milagres que o viu fazer, converteu-se à nossa religião, lançando-se aos pés do apóstolo, pedindo perdão e prometendo persuadir Hermógenes que fizesse o mesmo. Mas Hermógenes ficou fora de si, enfureceu-se e, com as suas artes diabólicas, atou Fileto de tal modo que não podia mover-se. O apóstolo enviou-lhe a sua capa e Fileto foi ter com ele.  

Hermógenes mandou aos demónios que lhe trouxessem Santiago e Fileto, atados e encadeados. Mas os demónios, por ordem do apóstolo, ataram Hermógenes e levaram-no encadeado à presença do apóstolo. Depois ordenou a Fileto que, pelo nome de Jesus Nazareno, soltasse o seu mestre e o pusesse em liberdade. Ficou Hermógenes tão atónito e atemorizado com este acontecimento que não mais quis afastar-se do apóstolo, com receio que os demónios o matassem. O apóstolo regalou-o com um báculo seu, dizendo-lhe que com ele iria seguro. Com isto se converteu e tornou-se discípulo do apóstolo e lançou fora os seus livros diabólicos.

S. Paulo, na 2ª Epístola a Timóteo (2, 17), seu discípulo, refere-se a Figelo ou Fileto e Hermógenes, dizendo que o haviam desamparado e abandonado. Não sabemos se são os mesmos, os que Tiago converteu à Fé. Se foram, talvez se perverteram posteriormente, como fez Simão Mago que, tendo recebido o batismo, foi depois grande e cruel inimigo de Jesus Cristo e da sua santíssima Fé.


Legenda espanhola

A tradição espanhola contradiz a palestina, afirmando que Tiago viajou para a Espanha e lá plantou as sementes do Cristianismo. Diz-se que, antes de partir em missão, os apóstolos visitavam a mãe do Senhor, e dela imploravam suas bênçãos. Nossa Senhora os recomendava ao Senhor e os encorajava na defesa da fé, no Cristo vivo e ressuscitado.

Com Tiago, a Santíssima Virgem manifestou o desejo de ir a seu encontro lá pelas terras da Espanha, dizendo: “Vai, meu filho, cumpre a ordem de teu Mestre, e por Ele te rogo que, naquela cidade da Espanha em que maior número de almas converteres à Fé, edifiques em minha memória conforme eu te manifestar”.
Desembarcou em Cartagena e, tendo lá pregado por algum tempo, dirigiu-se a Saragoza, à margem do Ebro. Lá, converteu ao Cristianismo nove varões, com os quais se retirava para rezar: Torquato, Hesíquio, Eufrásio, Cecílio, Segundo, Idalécio, Ctesifão, Atanásio e Teodoro. Como se diz, em Saragoça, Atanásio foi bispo dessa cidade e Teodoro presbítero. Embora Pelágio, bispo de Oviedo, no tempo de Afonso VI, que S. Tiago Maior conquistou Toledo, escreva, na sua história, que foram sete os discípulos de Santiago: Caleceiro, Basílio, Pio, Crisógono, Teodoro, Atanásio e Máximo. 


A vinda de Santiago a Espanha, crê-se ter-se dado no tempo em que Estêvão, apedrejado e morto pelos judeus, se levantou aquela grande tempestade em Jerusalém contra a Igreja. E para confirmação disto, em Itália, na cidade de Veruli, se conserva e venera o corpo de Maria, mulher de Zebedeu, e mãe de S. Tiago e de S. João. E é opinião comum e tradição que veio para Itália por esta ocasião e ali morreu, como registou o Cardeal Baronio, nas Anotações do Martirológio. E visto que, alguns autores modernos e doutos puseram em dúvida a vinda deste glorioso apóstolo a Espanha, em meu pobre juízo, todas as razões que aduzem para provar o contrário não pesam tanto, quanto sozinha a tradição universal tão recebida e fundamentada de todas as igrejas de Espanha que o afirmam, pregam e rezam. Pois que do mesmo modo se poderiam negar, com grande detrimento para a piedade cristã, outras muitas coisas que pertencem aos santos e que não se conhecem, a não ser por tradição de pais a filhos.

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Além de que o milagre de nossa Senhora do Pilar de Saragoça é um testemunho muito grande desta verdade. E apesar de que o milagre é muito conhecido, para os que não o conhecem quero narrá-lo com brevidade.

Tendo chegado o santo apóstolo a Saragoça, saiu uma noite com seus discípulos às margens do Ebro para rezar. Estando aí, apareceu-lhe a Rainha dos anjos, nossa Senhora, que estava sobre uma coluna ou pilar de jaspe (como contam as histórias e orações antigas daquela santa Igreja e se tem por tradição), foi trazida pelos anjos e colocada naquele lugar, rodeada por uma multidão daqueles espíritos celestiais que, com suavíssima harmonia, cantavam-lhe matinas e louvores. Conheceu-a o santo apóstolo, prostrou-se no chão, reverenciando-a. E ela disse-lhe: Neste mesmo lugar edificarás uma igreja em meu nome, porque sei que esta região de Espanha vai ter muita devoção por mim e desde agora a tomo sob o meu amparo e proteção.

Desapareceu aquela visão e o santo apóstolo, com diligência, realizou o que o céu lhe tinha encomendado e construiu aquela santa capela de Nossa Senhora do Pilar (que por ter ficado naquele pilar de jaspe, sobre o qual apareceu a Virgem ao santo apóstolo, assim se chama), que justamente em Saragoça e em toda a Espanha tem muita veneração. 


Devemos lembrar que a aparição aconteceu no tempo em que a Virgem Maria ainda viva no mundo. Ainda hoje podemos contemplar o belíssimo pilar na Basílica de Saragoza.  


Também a Igreja de Braga celebra a festa de S. Pedro Mártir, seu primeiro bispo, dado e ordenado pelo Apóstolo Santiago, quando esteve em Espanha, assim se reza nas matinas, e as demais Igrejas de Portugal seguem, neste particular, a de Braga. E muitos autores antigos e modernos fazem menção da vinda de Santiago a Espanha, bem como o Papa Leão III que numa epístola o escreveu aos bispos de Espanha e o Papa Calixto II e o Breviário reformado de Pio V, o afirmam, e o cardeal Baronio nas Anotações do Martirológio romano dá acolhimento às razões que se alegam em contrário, as quais, como disse, são fracas se se contrapõem à tradição tão antiga e imemorial que tanta devoção e piedade guardam todas as Igrejas de Espanha. O tempo que o santo apóstolo esteve em Espanha e o fruto da sua pregação e trabalhos não se conhecem. O certo é que regressou de Espanha a Jerusalém, onde foi martirizado. 

Após a morte do santo apóstolo, os seus discípulos tomaram o sagrado corpo (ou porque assim tivesse determinado ou seu mestre ou por particular instinto e revelação de Deus) e levaram-no ao porto de Jope (que agora se chama Jafa) e, colocando-o num navio, o trouxeram para Espanha. E, tendo navegado por todo o mar mediterrânio, passando pelo estreito de Gibraltar, entraram no Oceano e, seguindo a sua rota, chegaram à Galiza e, na cidade de Iria Flavia (que agora se chama Padrón) desembarcaram o santo corpo. Durante muitos anos esteve secretamente escondido, por motivo de vários acontecimentos e revoltas, até que o Senhor o revelou e descobriu e se trasladou para a cidade de Compostela, onde é reverenciado, não só naquela província da Galiza, mas em todos os reinos de Espanha e de outras nações da Cristandade de onde vêm em romaria visitá-lo e venerá-lo com grande devoção, como no dia da sua trasladação que se celebra em 30 de Dezembro.

Segundo uma antiga tradição, o bispo Teodomiro de Iria, em princípios do século IX, teria encontrado o corpo do apóstolo Tiago num lugar chamado "Campo de estrelas" (Compostela). Foi naquele lugar que o rei Afonso II erigiu, sobre o túmulo do apóstolo, uma igreja. Suas relíquias estão guardadas num dos mais conhecidos santuários do mundo – o de Compostela.



Que o apóstolo Tiago, padroeiro da Espanha, nos ensine a fazer a vontade do Senhor e a buscar as bênçãos da Santíssima Virgem, em cada nova missão.  

Fontes:  
http://marcioreiser.blogspot.com.br/2011/07/sao-tiago-maior.html
http://www.bcdp.org/v2/images/documentos/s.tiago.pdf  (PDF).

  
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