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terça-feira, 27 de maio de 2014

São Beda, o Venerável


27 DE MAIO

São Beda, o Venerável



Beda (ca. 673-26 de maio de 735), natural de Jarrow, à época Reino de Nortúmbria, nordeste da Inglaterra. Menino de 7 anos, foi confiado aos cuidados do santo Abade Benedito de Wearmouth (Inglaterra). Mais tarde com o Abade Ceolfredo foi transferido para o novo mosteiro de Jarrow, onde, com 19 anos, recebeu o diaconato e, com 30 anos, o presbiterato.

Toda a sua vida passou estudando, escrevendo e ensinando, sendo para todos modelo de ótimo religioso, cumpridor de seus deveres e observador fidelíssimo das prescrições da Santa Regra.

Não havia ponto de doutrina que não se achasse admiravelmente versado e, por isso, via-se rodeado de muitos discípulos e amigos de alta categoria. Por amor de seus estudos, rejeitou por diversas vezes a dignidade e o cargo de Abade.


Em seis grossos volumes, por ele compostos e escritos, documentou o seu rico saber, sua perícia em todos os ramos da ciência naquele tempo conhecidos. Nesta grandiosa obra, são encontrados tratados sobre gramática, métrica, retórica, matemática, física, meteorologia, astronomia, música, poesia, hagiografia (biografia dos santos).

Grande luminar foi nas ciências teológicas como profanas, não menos eminente se evidenciou na piedade e na prática das virtudes cristãs e monásticas. A fama da sua sabedoria e santidade transpôs os limites de sua terra natal.

São Bonifácio, bispo e Mártir, chama-o “luz da Igreja”; Lanfranc dá-lhe o título de “doutor dos Anglos”; o Concílio de Aix-la-chapelle confere-lhe o grau de “doutor admirável”. Seus escritos eram lidos em público nas igrejas. Como não era lícito denominá-lo Santo, apelidaram-no de Venerável, título que permanece até hoje.


Alquebrado pela idade e pelo trabalho incessante, doente por cinquenta dias, nem por isso dispensou o estudo dos Santos Livros. Sentindo a aproximação da morte, pediu que lhe fossem administrados os Sacramentos da Igreja. Deitado no chão, dos seus confrades se despediu. “Glória ao Padre, ao Filho e ao Espírito Santo”, foram suas últimas palavras; pronunciadas estas, entregou o seu espírito. Seu corpo, que exalava delicioso perfume, foi sepultado no mosteiro de Jarrow e mais tarde transladado para Durham. O Título de Doutor da Igreja Universal foi-lhe concedido pelo Papa Leão XIII, em 1899. Ele é o único nativo da Grã-Bretanha a alcançar o título (Santo Agostinho de Cantuária, também um Doutor, era nativo da Itália).

Em São Beda, o Venerável, vemos o Santo estudioso, sábio, entregue aos cansativos trabalhos de vasculhar ricas bibliotecas para, de dia para dia, mais completar o tesouro da sua ciência. Mas, em todo este seu laborioso tentame orientou sempre pelas grandes máximas, condutoras que são de uma vida tendente à perfeição, à mais estreita união com Deus. Santo Afonso de Ligório faz delas o seguinte elenco, imutáveis e aplicáveis a todos os tempos: 

  • Tudo neste mundo acaba: os prazeres e as dores; a eternidade não passará jamais. 
  • De que servem na hora da morte todas as grandezas deste mundo? 
  • O que nos vem de Deus seja prosperidade, seja adversidade, tudo é bom; tudo é para o nosso bem. 
  • É preciso deixar tudo, para adquirir tudo. 
  • Sem Deus, não se pode ter a verdadeira paz. 
  • Só uma coisa é necessária: amar a Deus e salvar a alma. 
  • Só uma coisa se deve temer: o pecado. 
  • Perdido Deus, tudo está perdido. 
  • Quem nada deseja neste mundo, é senhor do mundo inteiro. 
  • Quem reza, se salva; quem não reza, se perde. 
  • Custe Deus quanto queira; nunca é caro. 
  • Toda pena é leve, para quem mereceu o Inferno. 
  • Tudo sofre quem olha para Jesus na Cruz. 
  • Tudo o que não se faz para Deus, torna-se um tormento. 
  • Quem só quer a Deus, possui todos os bens. 
  • Feliz de quem pode dizer de coração: ‘Jesus, só a vós quero e nada a mais’. 
  • Quem ama a Deus, achará doçura em tudo; quem não o ama, em coisa alguma encontrará verdadeiro prazer. 
Ele é conhecido principalmente por sua obra-prima, a "Historia ecclesiastica gentis Anglorum" ("História Eclesiástica do Povo Inglês"), um trabalho que lhe rendeu o título de "Pai da História Inglesa".  

Veneração

Não há evidências de cultos em homenagem a Beda na Inglaterra no século VIII, mas o motivo pode ser o fato de ele ter morrido no mesmo dia que Santo Agostinho de Cantuária. Posteriormente, quando é certo que ele já era venerado, sua festa ou era comemorada depois da de Agostinho, em 26 de maio, ou no dia seguinte. Porém, Beda era venerado fora da Inglaterra, principalmente por causa dos esforços de Bonifácio e Alcuíno. O primeiro escreveu repetidas vezes para sua terra natal na Inglaterra requisitando cópias das obras teológicas de Beda. Alcuíno, que foi estudante na escola fundada em York pelo pupilo de Beda, Egberto, elogiava-o como um exemplo a ser seguido pelos monges, e foi instrumental em divulgar as obras dele entre seu grande círculo de amigos. 
O culto de Beda tornou-se proeminente na Inglaterra durante o renascimento do monasticismo no século X, e, no século XIV, já havia se espalhado para diversas catedrais. Wulfstan, bispo de Worcester (ca. 1008-1095), era particularmente devoto de Beda, dedicando uma igreja a ele em 1062, seu primeiro ato após ser consagrado bispo. 
O corpo de Beda foi transferido de Jarrow para a Catedral de Durham por volta de 1020 e lá foi depositado na mesma tumba que São Cuteberto de Lindisfarena. Em 1370, os restos de Beda foram novamente movidos, na mesma catedral, para a "Capela Galileia". O santuário foi destruído durante a "Reforma inglesa", mas seus ossos foram reenterrados no mesmo local. Em 1831, eles foram novamente escavados e sepultados na tumba que se pode ver na catedral ainda hoje. Porém, a Catedral de Iorque e a Abadia de Glastonbury e Fulda alegam abrigar relíquias do santo.

A importância de Beda para o Catolicismo foi reconhecida em 1899, quando ele foi proclamado Doutor da Igreja. Ele é também o único inglês citado no Paraíso de Dante (X.130), mencionado entre teólogos e doutores da igreja no mesmo canto que Isidoro de Sevilha e Ricardo de São Vítor.

Sua festa foi incluída no Calendário Geral Romano em 1899 para ser celebrada em 27 de maio e não no dia de sua morte, o dia anterior, que já era a festa, na época, de São Gregório VII.

Oração

Ó Deus, que iluminais a Vossa Igreja com a erudição do vosso presbítero São Beda, o Venerável, concedei-nos sempre a luz da sua sabedoria e o apoio de seus méritos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

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