A minha mãe

Dia 27 de agosto de 1932, nascia à luz minha mãe, Deusa do Amaral d'Amore, que agora repousa na eternidade. Que Deus se apiede dela, que só não foi uma mãe melhor por aquela limitação absolutamente humana de que todos padecemos. Eu a amarei em cada dia desse terrível exílio que me resta. Rezem por ela, meu caros leitores, rezem uma Ave Maria, um Requiem... uma simples prece. 

Réquiem ætérnam dona eis, 
Dómine, et lux perpétua lúceat eis. 
Requiéscant in pace. 
Amen.

Uma singela homenagem a quem me deu à Luz:

La Madre

E il cuore quando d'un ultimo battito
avrà fatto cadere il muro d'ombra
per condurmi, Madre, sino al Signore,
come una volta mi darai la mano.

In ginocchio, decisa,
Sarai una statua davanti all'eterno,
come già ti vedeva
quando eri ancora in vita.

Alzerai tremante le vecchie braccia,
come quando spirasti
dicendo: Mio Dio, eccomi.

E solo quando m'avrà perdonato,
ti verrà desiderio di guardarmi.

Ricorderai d'avermi atteso tanto,
e avrai negli occhi un rapido sospiro.


Giuseppe Ungaretti *1929*

TRADUÇÃO

A Mãe

E o coração quando em uma última batida
Fizer cair o muro de sombra
Para conduzir-me, Mãe, até o Senhor,
Como antigamente me darás sua mão.

De joelhos, decidida,
Serás uma estátua diante do Eterno,
Como já te via
Quando eras ainda em vida.

Levantarás tremente os velhos braços,
Como quando expiraste
Dizendo: Meu Deus, eis-me. 

E apenas quando (Ele) tiver me perdoado,
Terás desejo de me olhar.

Lembrarás de ter-me esperado tanto,
E terás nos olhos um rápido suspiro.

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