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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Victor Hugo, um espírita!

Para os que ovacionam o escritor francês, aqui vão dois posts e uma perspectiva diferente sobre a "catolicidade" dele. Afinal, em seu testamento deixou escrito: “Recuso a oração de todas as igrejas. Peço uma oração a todas as almas. Creio em Deus”. Claramente, recusava também a oração da Igreja Católica. Mas... e o satanismo do espiritismo? Ele o recusava mesmo

Victor Hugo

Victor Hugo, grande nome da literatura francesa, nasceu em 1802 e veio a desencarnar em 1885, com 83 anos de idade. Escreveu 22 livros de poesias, até hoje recitadas pelos franceses e ensinadas nas escolas; 08 romances, dentre os quais os memoráveis "Os Miseráveis" e "O Corcunda de Notre-Dame", ambos com incontáveis adaptações para o cinema e o teatro; 14 peças de teatro, sendo que várias delas não param de ser encenadas; mais 15 volumes de prosa em não-ficção, ensaios, diários, artigos políticos, entre outros.

Conhecido por seu devotamento às causas sociais , fosse em seus discursos ou nas obras literárias, levou-o a defender a paz universal, os direitos das crianças e dos homens, a aboliçao da pena de morte e o progresso social.     

A crença em Deus é uma constante em seu pensamento. Para ele, não havia espaço para a fé cega, mas para o exercício do pensamento, da dúvida, da razão: "Deus é o astro de amor brilhando no infinito e visível pelos olho da alma."

Victor Hugo foi um dos precursores do Espiritismo na França. Seu contato inicial com fenômenos mediúnicos foi em 1853, antes mesmo de Allan Kardec, quando, durante um exílio em Jersey junto com sua família, pode observar as chamadas "mesas girantes" nas reuniões de Madame Emile de Girardin. Inclusive, no item 144 do livro dos Médiuns o próprio Kardec homenageia esta precursora, chamando tal fenômeno de "mesas Giradin."

Apesar de Victor Hugo preocupar-se em não deixar se influenciar por tais experiências, a comunicação com os mortos transformou sensivelmente seus valores e portanto sua obra.

Emannuel Godo, no livro "Victor Hugo et Dieu", afirma que o contato de VH com as mesas girantes trouxe-lhe não somente a certeza da existência como da presença tangível dos Espíritos. A partir daquela época, o próprio escritor passou a vivenciar fenômenos dentro de sua casa como ruídos, visões e premonições, como comprovam as anotações pessoais de sua agenda, guardada atualmente na Biblioteca Nacional de Paris.

Em 1899 Camille Flammarion afirmou, em "Les Annales Politiques et Litteraires", que VH, alguns anos antes de sua morte, havia confessado que jamais deixou de acreditar nas manifestações dos espíritos. Ele mesmo escreveu o seguinte sobre os fenômenos em geral (sonambulismo, visões, mesas girantes, entre outros):

"Se abandonardes os fatos, tomai cuidado, os charlatões ai se alojarão, e os imbecis também. Não há meio termo: ou ciência ou ignorância. Se a ciência não quiser estes fatos, a ignorância os tomará. Se vos recusais a engrandecer Os Miseráveis foi publicado pela primeira vez, na França, em 1862. Transformou-se logo em sucesso e foi traduzido para diversas línguas. A obra fala de injustiça social e de como, ainda nesse meio, há possibilidade de tranformação graças à bondade que sobrevive. É um verdadeiro clássico, pois apesar de ter sido escrito no século XIX, continua a ultrapassar barreiras de tempo e espaço, tocando pessoas do mundo todo. Os personagens do livro são muitos próximos daqueles com os quais nos deparamos diariamente.

Enfim, Os Miseráveis é um livro que alia a sabedoria no uso da língua à profundidade de um tema. É uma obra na qual são relatados interesses e atitudes mesquinhas, mas também grandes gestos de desprendimento e bondade.


Outro post:

Victor Hugo e os Espíritos

Recentemente um documentário sobre o livro "Os Miseráveis" chamou-me a atenção para o lado espírita de Victor Hugo. Nele, um dos estudiosos da obra de Hugo afirma que os espíritos o incentivaram a concluir e publicar o livro que se tornaria um marco na literatura mundial, por dar voz e luz a uma população geralmente esquecida, diminuída ou marginalizada pelos autores anteriores à sua época.

O escritor francês foi condecorado cavaleiro da Legião de Honra em 1825, membro da Academia Francesa e foi eleito deputado constituinte de Paris em 1848 e 1849. Foi eleito presidente do Congresso Internacional da Paz em 1849. Em 1852 um decreto do governo de Luis Napoleão o expulsa da França e ele vai para a ilha de Jersey, onde teve contato com a mediunidade e os espíritos. Hugo só voltaria à Paris após a proclamação da república, mesmo tendo sido anistiado.

O livro de Maria do Carmo Schneider, de leitura agradável, focaliza o lado espírita de Victor Hugo, conectando-o à sua obra. São impressionantes os poemas obtidos pela via mediúnica na ilha de Jersey e os espíritos com quem comunicava-se, que adotavam pseudônimos poéticos como "Sombra do Sepulcro", "Dama Branca", "Leão de Ândrocles" e "Pomba do Arco". Poetas famosos também assinavam as comunicações, como Molière, Ésquilo, Shakespeare, Dante e Camões.

A pena dos historiadores e biógrafos de Victor Hugo muitas vezes o considerou um "louco no exílio", assim como foi feito com outras personalidades notáveis que se tornaram espíritas ou espiritualistas como William Crookes e Robert Owen. Em sua "loucura genial" Victor Hugo ainda publicou mais de vinte grandes obras, como "O Homem Que Ri", "Os Miseráveis", "William Shakespeare", "Trabalhadores do Mar", "Torquemada" e outras obras memoráveis.

Além do trabalho de Maria do Carmo, quem desejar conhecer uma abordagem filosófica da obra de Victor Hugo, pode ler o livro "Victor Hugo, Espírita", escrito pelo espírita argentino Humberto Mariotti e publicado em português pela editora EME.

Como um presente ao leitor do blog, fica um dos poemas mediúnicos da Ilha de Jersey, ditado pela "Sombra do Sepulcro":

"Espírito que quer saber o segredo das trevas,
E que, segurando nas mãos a terrestre chama,
Vem, furtivo, apalpando nas nossas fúnebres sombras,
Espicaçar a imensa tumba,

Retorna ao teu silêncio e sopra tuas velas,
Retorna à noite de onde algumas vezes sais;
O olho dos vivos não lê coisas eternas
Por sobre os ombros dos que não vivem mais."

(Resposta a Hugo da Sombra do Sepulcro após duas perguntas dirigidas a Molière) Leia sua interpretação na página 52 do livro de Schneider.