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domingo, 31 de julho de 2011

Sobre "preconceito"

Finamente, achei alguém que explica de maneira coerente e prática o que seja preconceito. Não comungo dos pensamentos religiosos do autor, posto que não sou nem poderia ser sedevancantista, mas aqui se trata de Português, não de Religião. Então, podemos ouvi-lo, prudentemente.


Roberto Cavalcanti

Um slogan bastante surrado hoje em dia, repetido insistentemente, principalmente por gays e socialistas, é de que “preconceito é burrice”. Entretanto, pretende-se aqui demonstrar que tal afirmação não passa de um lugar-comum totalmente vazio de significado.

Preconceito significa pré-julgamento. Significa extrair de uma situação ou pessoa uma conclusão antecipada sem que ela possa ter um decisivo amparo da razão. Pré-julgar é algo inevitável. Fazemos pré-julgamentos a todo instante. Exemplos são inúmeros, e importa aqui citar aqueles que demonstram que o preconceito pode não ser burro.

Um exemplo é uma pessoa que instada a decidir entre almoçar entre um restaurante bem conservado e outro que esteja com as suas paredes descascando, faça a primeira escolha. Esta escolha não tem nada de burra. É perfeitamente possível que o restaurante que foi preterido em função daquelas más condições ofereça uma boa comida ou até melhor que o outro. Entretanto, é bastante razoável supor que o desleixo dos proprietários em conservar o estabelecimento interfira na qualidade da comida, de modo que, embora a decisão guiada pelo preconceito não seja racional, pode ser razoável. Com efeito, nem tudo o que não é racional, é irracional. Irracional é aquilo que contraria a razão. Um exemplo são os dogmas católicos e milagres, que não contrariam a razão, mas que não são explicados pela razão. Outro exemplo é o preconceito. Baseado nisso, chamar preconceito de burrice, por não ter o amparo decisivo da razão, é o mesmo que chamar os católicos de burros por crerem em dogmas e milagres que não podem ser explicados pela razão. O princípio é o mesmo.

Outro exemplo de preconceito que não tem nada de burro é uma pessoa que escolha não querer receber transfusões de homossexuais em razão do histórico de doenças ligadas ao homossexualismo. Este pré-julgamento é perfeitamente razoável, considerando que os homossexuais têm 20 vezes mais chances que os héteros de estarem contaminados, segundo a OMS.[1] Ora, a pessoa que, apesar de desconhecer essa informação, rejeita o sangue homossexual por preconceito, é diligente com sua saúde e amor à vida e, por isso, nada tem de burra, pois seu preconceito acaba se confirmando por estatísticas favoráveis à razoabilidade de sua decisão.

Mais um exemplo de preconceito que não é burro é a decisão de um empregador não contratar ex-presidiários. Não significa que todo ex-presidiário volte a delinqüir e com isso prejudicar o empreendimento, mas guiado pela prudência o empregador prefere contratar pessoas sem histórico prisional para não experimentar possíveis problemas. Trata-se certamente de um preconceito, guiado pela prudência, experiência e não pela razão, pois não há estatísticas informando sobre a reiteração da prática criminal por ex-presidiários a fim de amparar tal decisão. Novamente é um preconceito que nada tem de burro.

Desta forma, viemos a constatar através destes exemplos que burros são aqueles que, guiados por slogans falaciosos, tiram conclusões irrefletidas. Há preconceitos guiados por reflexões arbitrárias, assim como há preconceitos guiados pela razoabilidade. Se há uma coisa e outra, tachar o próprio preconceito por burrice é uma generalização extremamente burra.


Alguém discordaria disto, com propriedade? Eu penso que não! 

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2 comentários:

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