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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

8 de abril: Venerável Teresa González Quevedo, Virgem

08 de abril


Venerável Teresa González Quevedo
Virgem

Instituto das Carmelitas da Caridade de Santa Joaquina de Vedruna.

 



A Venerável carmelita Maria Teresa González-Quevedo, que morreu jovem e era muito bonita. As matérias são de um site que valoriza a sua formação jesuítica, mas estejamos atentos no fato de que a moça se torna Irmã Carmelita da Caridade de Vedruna, uma Congregação Carmelitana. Além disto, sua vida possui diversas semelhanças com a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus.


Quem quiser saber mais, leia o livro "Teresinha de Maria - Jovem, Moderna, Sorridente, Santa", do Pe. Artur Bonotti, C.SS.R. - Editora Santuário (de Aparecida-SP), 1982.

Maria Teresa González-Quevedo, espanhola de Madrid, viveu só 20 anos, de 12 de abril 1930 até 8 de abril 1950. Uma breve existência, mas vivida intensamente, concluída no noviciado das Carmelitas da Caridade, a congregação onde ela queria viver toda sua vida, na oração e no apostolado ativo, como também com o desejo claro de trabalhar em terra de missão.


Teresa por volta dos 4 anos de idade
A vida desta jovem madrilena está ligada de vários modos à Companhia de Jesus. De fato, Teresita (como comumente era apelidada) formou sua vida espiritual na participação ativa à Congregação Mariana, por ela frequentada no Instituto das Carmelitas da Caridade, onde fez seus estudos.

É conhecido que as Congregações Marianas têm sua origem na Companhia de Jesus. Os Jesuítas as difundiram em boa parte do mundo católico, como uma "via" do compromisso cristão, aberta especialmente aos jovens, que levam ao seu ambiente, família, lugar de trabalho e atividades apostólicas, os valore de uma espiritualidade amadurecida graças aos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, fundador dos Jesuítas.

Uma "via", esta da Congregação Mariana, feita de formação teológica com vários níveis (segundo as várias tipologias dos congregados), de oração constante e frequente revisão de vida, reforçada pela participação anual aos Exercícios Espirituais, e tendo como referência característica a Virgem Maria, contemplada seja em seu escutar/viver a Palavra de Deus, seja em seu ardor de comunicar aos outros esta riqueza recebida.

Outro laço com a Companhia de Jesus é constituído pelo fato de que a família da Ven. Maria Teresa conta entre seus parentes, dois jesuítas. Dois irmãos do pai de Teresita, eram Jesuítas, um deles é o Pe. Antônio González-Quevedo. Deste, Teresita receberá a Primeira Eucaristia.

O período em que viveu não foi nada tranquilo, aliás foi o tempo da violenta guerra civil espanhola, durante a qual se desencadeou uma verdadeira perseguição religiosa, que causou a morte de 7.000 padres e 13 bispos. Entre esses mártires há também três irmãos do pai de Teresita.


Os primeiros anos


Maria-Teresa González-Quevedo, nasceu em Madri o dia 12 de abril de 1930, após o irmão Luiz e a irmã Carmem. O pai, Calisto González, era um conhecido médico da capital. A mãe de Teresita era Maria do Carmo Cadarso, sobrinha do almirante Luís Cadarso y Rei, tombado na batalha de 1898, a bordo do cruzeiro "Regina Cristina".

Cresceu numa grande casa no centro de Madrid, no coração da elegante capital, a Praça do Oriente, na frente do Palácio Real. A primeira infância foi serena, e sua escola foi a do Instituto das Carmelitas da Caridade. Uma escolha favorecida pelo fato que uma tia de Teresita. Ir. Carmem, lecionava no instituto. A mesma que anos depois a teria acolhido como Madre Mestra no noviciado.

Maria-Teresa amava o ambiente da escola, menos o estudo... E se entusiasmava pela partidas de pelota, e por isso sabia escolher com cuidado as companheiras de time. Era muito procurada pela sua habilidade, era generosa em tantas pequenas coisas da vida quotidiana, e por causa disso o pessoal não hesitava em recorrer a ela.

Uma madrilena autêntica, com um extraordinário humorismo. Uma menina como todas as outras, mas com uma inquietação na alma... que pouco a pouco a teria levado muito longe, além do quanto ela podia prever, até a doação total ao Senhor. Desta "inquietação" encontramos o primeiro traço numa anotação quando ela tinha dez anos, mesmo com falhas gramaticais: "Decidi me tornar santa".


A Congregação Mariana


Aos treze anos, Maria-Teresa já tinha uma fisionomia interior e um caráter bem delineados. Não é alta, mas bem proporcionada e muito ágil. Loira, com olhos azuis um pouco amendoados e uma atitude que convida ao sorriso. Quem a conheceu a lembra como muito elegante e com uma postura distinta inconfundível. Neste período desenvolveu os fundamentos da vida espiritual, graças aos Exercícios Espirituais ocorridos em seu Instituto.

Seu caráter ia se manifestando decidido e corajoso. Aprendeu a dirigir o carro, e o pai nos conta como devia ter cuidado com ela, já que Teresita se lançava na estrada sem hesitação ou medo. Uma vez se encarregou de furar as orelhas de uma amiga para lhe colocar os brincos. Logo no começo a "vitima" sentiu-se mal e desmaiou. Mas Teresita, filha de médico, em lugar de se apavorar, achou que era o momento próprio para continuar seu trabalho e, aproveitando da inconsciência de sua amiga, colocou imediatamente os brincos. Uma firmeza assim unida a um fino equilíbrio, uma calma que lhe conferia um característico domínio nas mais variadas situações.

No tempo em que Maria Teresa frequentava o Instituto, foi instituída a Congregação Mariana, que foi logo apresentada com suas exigências de compromisso. Teresita foi logo conquistada por este ideal, no qual confluía sua particular devoção à Virgem Maria.

Os companheiros de Teresita testemunharam que, com sua participação à Congregação Mariana, começou nela uma verdadeira evolução interior, surpreendente e definitiva. A sua irmã Carmem lembra: "Ela fez uma mudança verdadeiramente radical e tangível, que nós todas notamos. Até agora, mesmo sendo uma boa moça, tinha alguns defeitos muito comuns nas moças de sua idade, das quais se diferenciava por poucas coisas. Mas neste período de sua vida – no qual, segundo meu parecer começou a ser pouco comum – fez uma verdadeira mudança".

Mas esta sua "mudança radical" não diminuiu seu entusiasmo e sua alegria "contagiosa", que foi como a nota constante em sua vida.

A cada congregada era entregue uma medalha. Segundo o costume. Maria Teresa devia fazer gravar uma frase e ela escolheu uma que expressasse seu programa de vida: "Minha mãe, que quem me olhe a Ti veja".


Uma oração carregada de consequências...


Durante a celebração Mariana do mês de maio, eis que Teresita formula uma oração especial, expressando algo que sente dentro muito profundamente, mesmo se ainda não totalmente claro: "Minha Mãe, dá-me a vocação religiosa”! Como veremos mais em frente, era de fato a resposta ao chamado do Senhor para uma total consagração. Maria Teresa sentiu-se quase turbada, compreendendo o porte de sua oração. "Quando sai – confiou pois a uma amiga – pensando bem, tive medo: E se nossa Senhora me desse verdadeiramente a vocação"?

Este desejo de doação total ao Senhor apareceu espontâneo num episódio na tarde de um domingo, quando Teresita conversava com uma colega. A amiga lhe confia: "Eu viajarei, vou me divertir durante a juventude, e quando serei mais velha entrarei no convento para me garantir o Céu". A resposta de Teresita foi imediata e reveladora: "Como você é mesquinha e egoísta!... E você acha que Jesus vai te aceitar cheia de achaques, depois que deu sua parte melhor ao mundo? Jesus tem gostos melhores, e ele quer de presente a juventude, com suas alegrias e seus sonhos”!


Rumo à escolha decisiva

É o ano de 1947. Teresita tem 17 anos. No verão a família vai para Fuenterrabía, ao norte da Espanha, para tirar férias na praia, não muito longe da divisa francesa. Ali Teresita está magnificamente: gostava de pescar lulas com os pescadores, jogar tênis e participar das típicas danças bascas na praça da aldeia. Mas não esquecia o compromisso em prol dos outros.

Participava ativamente às vendas de beneficência em favor das missões, andando pelas lojas artesanais para procurar o necessário.

É claro que cativava a atenção dos rapazes, tomados pela sua beldade, pela elegância do vestir e pela espontânea alegria de sua postura. Riam, brincavam, cantavam junto com ela, porém muitos entre eles dirão depois que a respeito dela sentiam não poder ir além de uma sadia amizade, pois viam em Teresita algo de indefinível, que convidava a um grande respeito; pressentiam talvez que seu horizonte ia além daquilo que uma moça daquela idade pudesse sonhar e querer...

Sabemos de um rapaz que se enamorou dela, Luís José González-Gillén, hoje engenheiro da aeronáutica; no dia de vestir o habito religioso, lhe enviou um lindo buquê de flores brancas. Assim falou a mãe de Teresita em 1983, ano em que a filha foi declarada Venerável: “Era um bom rapaz, de ótima família, mui lindo, verdadeiramente suas qualidades não podiam ser melhor, mas Teresita tinha aspirações mais altas e efetivamente não tinha dúvidas”.

De fato Maria Teresa tinha clara a decisão de fazer o "grande passo", pedir para ingressar no Noviciado das Carmelitas da Caridade. Mas era uma decisão que ninguém ainda conhecia e, que, aliás, teria surpreendido muitas pessoas.

Acabado o verão, recomeçou o ano escolar. No fim de outubro, algo de extraordinário: a participação a um encontro da "Juventude Missionária" que as Carmelitas organizaram em Tarragona. Cerca de 400 jovens de toda a Espanha vieram para esta cidade, e o grupo de Madrid era guiado pela própria Maria Teresa. Uma participação, como sempre, ativa e entusiasta.

O tema do encontro em Tarragona era sobre as missões na China. Teresita – já sensível a estes assuntos – é mais uma vez conquistada pelo ideal missionário, até que podemos dizer que foi esta uma das motivações principais para entrar na vida religiosa, isto é, o sonho de querer participar pessoalmente ao trabalho missionário. Enquanto isso já tinha uma "adoção a distancia" de um menino das missões, enviando ofertas para sua formação.

Durante o Noviciado manifestou explicitamente este desejo: “Tenho uma evidente vocação missionária: minha vocação é claríssima”. Mas, como aconteceu com santa Teresa de Lisieux – que desejava deixar a França para viver no Carmelo do Vietnã – a doença lhe proibiu de realizar este sonho, ao menos nesta terra...


A notícia


Aos 21 de novembro de 1947, decidiu comunicar sua decisão para a tia, irmã Carmem, que mora em Carabanchel, onde está o noviciado. A tia compreende a seriedade da decisão da sobrinha, mas procura faze-la refletir:

"Você é ainda muito nova! Diz para ela – deveria esperar até os vinte anos, como tia Irene, como eu...". “Tia, receio que você não entendeu – retruca Teresita – Eu decidi mesmo. Faz tempo que penso nisso. Também o padre Múzquiz aprova. Mas não fale nada em casa, porque quero ser a primeira em comunicar isso ao pai”...

Já que Teresita era muito devota à Virgem Maria, o padre Músquiz lhe sugere comunicar suas decisão à família na festa da Imaculada, 08 de dezembro. Mas também, para isso, Teresita tem um projeto bem certinho: revelando uma finíssima delicadeza quer comunicar a notícia só após a festa da Epifania, de modo que o período natalino passe serenamente.

Aos 20 de dezembro, as alunas se reúnem na capela para rezar juntas antes da despedida para as férias de Natal. E aqui Adelaide Muñoz – uma sua colega – nota em Teresita algumas lágrimas silenciosas...

Evidentemente, Teresita adverte o peso da separação que a espera, separação da família, dos amigos, dos colegas de escola... mas, é só um momento, e com grande força logo retoma sua alegria costumeira...

Alguns dias depois, nas vésperas do Natal, escreve uma das suas cartinhas "de amenidades" falando para a amiga Marisa do novo carro que o pai comprou: "É muito lindo, verde claro, com ar quente e frio; só faltou o rádio"...  Depois conta que participou de uma festa: "Ontem, Maruja Parrella, você sabe quem é, fez a festa dos 18 anos: deram-me a permissão de participar, mesmo que acabou às duas e meia de madrugada... Diverti-me muito e tínhamos roupas cumpridas: uma saia de veludo preto até aos pés... A coisa mais interessante é que usei tamancos..." Mas no fim da carta assim escreve: “Se quiseres, peço-te o favor de rezar segundo minha intenção, ti serei muito agradecida”. A amiga ainda não sabe o que está na mente de Teresita, e ainda menos poderia ter adivinhado pelo tom da carta...

Acabado o tempo de Natal, eis aos 07 de janeiro de 1948. Teresita, como tinha decidido, comunica ao pai a "grande notícia"... O pai compreende... conhece a filha, sabe que se ela decidiu é porque ela está ciente daquilo que faz; mesmo assim procura fazê-la refletir:

"Mas Teresuca, se dá conta daquilo que acaba de dizer? Você que é tão viva e alegre, que se diverte muito nas festas..."

“Nada disso me satisfaz, pai”!

"Você sabe que, se for religiosa, terá uma vida cheia de sacrifícios”?

“Sim, sei. Mas é isso que estou procurando”.


E comunica ao pai a data de entrado no Noviciado, 23 de fevereiro. O pai um pouco surpreendido lhe pergunta o porquê desta data e não outra. Teresita responde muito simples, abrindo os dedos de suas mãos... “Olha, pai: dois mais três faz cinco... Maria”!


Entrada no Noviciado e... Neve!...


Naturalmente a notícia se alastrou logo entre parentes, amigos, colegas de escola e para todos foi uma grande surpresa... Como é óbvio, os pareceres foram os mais variados: que acha se trate de exaltação de uma adolescente; ouros comentam que é uma pena, uma moça tão bonita, elegante e inteligente como Maria Teresa, vai se fechar num convento, renunciando a um futuro que para ela teria sido sem dúvida muito prometedor!... Outros superam a surpresa e começam a lembrar, refletir e dizem que será sem dúvida uma ótima religiosa.

O 23 de fevereiro se aproxima... Outra paixão de Teresita era a neve, que nunca falta em Madrid durante o inverno. E para "batalhar com bolas de neve" a grande Praça d’Oriente era o ideal! Como assim o quintal da escola, onde eludindo os vigias, Teresita se deitava sobre o manto branco da neve, com alegres risadas!

Ao aproximar-se o dia famoso, a amiga Consuelo a chama pelo telefone:

"Estás contente?"

"Contentíssima! Será um dia feliz para mim. E se Nossa Senhora me concedesse um pequeno desejo..."

"Qual? Fala-me!"

“Que o dia 23... caia a neve. Gostaria que aquele dia, tudo, tido fosse branco”.


Um deseja que relembra outro igual, expressado muitos anos antes na França por Teresa de Lisieux, pelo dia de sua profissão... E como Teresa, também Maria-Teresa González-Quevedo será atendida...

Na véspera da partida, aos 22, veio saudá-la a amiga Amparo... Esta admira o elegantíssimo vestido de Teresita... Parece surpreendida por tanta elegância. Teresita entende e sorri: "Você sabe, Amparìn, eu gosto vestir bem e todas estas coisas me dão prazer, mas quando entrar no Noviciado tudo isso acabará. Quero ser santa, não quero mediocridade".

Mais tarde, a Consuelo a chama novamente ao telefone:

"Tere, te chamo outra vez para de dizer adeus!"

"Adiós, Consola! Mas olha que noite linda? Não terá nada daquilo..."


Então nada de neve? Mas como com Teresa de Lisieux, também aqui acontece o imprevisível. Durante a noite uma nevada cobre de branco a grande cidade de Madrid... e na manhã do dia 23 de fevereiro, Teresita, feliz, agradece ao Senhor por esta sua "delicadeza" a seu respeito...

Coincidência? Mas é o seu dia, e tudo é branco de neve, come ela tinha desejado...

Teresita tem mais uma estratégia para poupar a mãe da dor da despedida... Com um "meditado" atraso quando a mãe ainda a esperava para ir na missa, convenceu o pai e o irmão Luís para levá-la correndo ao Noviciado Carabanchel!...

Aqui, no Noviciado é acolhida pela Superiora, Irmã Maria Teresa Rodríguez, que sem saber do desejo da noviça aspirante, comenta: "Quem sabe se Teresita pediu ao Senhor a neve, como Santa Teresita do Menino Jesus?"... Teresita respondeu só: "Eu gosto muito da neve”...


Teresita, noviça em Carabanchel


No noviciado de Carabanchel, Teresita encontrou o que mais profundamente desejava: o que mais apreciava era o estilo de vida pobre das carmelitas, em contraposição aos luxos e à riqueza que sempre tinha em família. Aqui aprofundou seu amor para a Virgem Maria, e o resultado foi uma grande confiança: “Dela consigo tudo, sinto-a ao alcance da mão. Se nossas mães nos amam tanto, quanto nos amará a Santa Virgem? O que ela nos recusará? Estou certa que serei santa, porque o peço à Virgem e Ela pode tudo”. E continuava: “Tenho muita devoção para com São José. O que diriam Jesus e Maria, se não amasse este grande Santo”?

Logo começaram as visitas das colegas do colégio, que tanto sentiam sua falta. Era curioso vê-la no salão rodeada pelas moças que a escutavam silenciosas e que voltavam se queixando da brevidade da visita!

Uma delas lhe conta das últimas férias: "Escuta, Tere, não lembras Fuenterrabía?" "Lembro sim – responde Teresita – pois não perdi a memória, mas te garanto que não sinto falta, porque aqui me sinto muito bem! Acho que, se no mundo soubessem o que é o Noviciado, teríamos a fila de pessoas que gostariam ingressar”!

Na hora de receber a veste de postulante, Ir. Carmem não pode não contemplar a beleza de seus cabelos, que serão escondidos pelo véu... Admira os cachos dobrados com cuidado e comenta: "Oh quanta vaidade, quanta vaidade!..." Teresita retruca: "Sim, madre, muita, mas agora acabou tudo”!


O último mês de maio

Maio de 1949, o último na vida de Teresita. No começo do mês Teresita diz: "Outras vezes vi claramente o que a Virgem pede de mim, mas agora não vi nada..." No entardecer, alguém nota que Ir. Maria-Teresa está com febre: "Não está bem? – lhe pergunta a tia, que é também Mestra. "Que nada!... sinto-me sim preguiçosa". Mas o termômetro explicou o motivo daquela preguiça...

"Por enquanto [a Virgem] me pede isso: mas ficarei atenta pra saber o que ela me pedirá quando eu levantar".

- "O que lhe pede, Ir. Maria-Teresa, a Mãe do Céu?"

- "A senhora não vê?... Suportar com paciência tudo aquilo que me envia; não sei quanto durará... seja feita a vontade de Deus. Estou nas mães de minha Mãezinha. Ela sabe o que me convém”.

Outro dia, Ir. Anita Prieto lhe pede:

- "No quarto, Ir. Maria-Teresa?"

- "Achava agradar a Virgem, e isto era o que Ela queria. Estou muito contente”!


Durante o noviciado leu a História de uma Alma, de Santa Teresa de Lisieux e escreveu no seu diário: "Da pequena via de Santa Teresa gostei muito, mas, para mim,  acho que esta via deve passar pela Santa Virgem".

Santa Teresa de Lisieux prometeu de "passar seu Céu fazendo o bem na terra": Maria-Teresa dizia para a Madre Provincial: "Madre, aqui não lhe seria muito útil, mas do Céu verá quanto trabalharei”! A às colegas noviças: "No Céu... serei muito ocupada, apresentando [à Virgem Maria] todas as homenagens que lhe são oferecidas”!

Um dia veio visitá-la sua mãe, e lhe perguntou: "Então, como vai a santidade?" E ela: "Vai, vai pra frente"...Sei lá – continuou a mãe brincando – mas parece-me que lhe está custando caro se tornar santa".

Teresita responde com decisão: "Pois é, mãe, também ao Luiz lhe custa caro se tornar engenheiro agrônomo, e não acho que a senhora coloque as duas coisa no mesmo nível”...

Teresita sofria uma pleurite aguda, que a manteve de cama todo o mês de maio... mesmo assim não parava de difundir otimismo, amabilidade e alegria: "A que risadas, irmã!... Meu pai se foi muito preocupado porque tenho muita ‘velocidade’ [de sedimentação do sangue] Imagine, eu mesmo, sempre calma, lenta... e agora... minha velocidade o preocupa!"

Uma melhora – mais ilusória do que real - permitiu-lhe voltar logo à vida normal, mas a doença continuava seu curso...

Lemos em seu diário, "Durante a Comunhão desejava ardentemente me doar toda a Jesus para lhe demonstrar quanto queria amá-lo, que me oferecia como vítima para que fizesse de mim o que ele queria". E Deus... costuma ter um bom ouvido para escutar este tipo de orações!


Outras reflexões deste período:

Festa de santo Estanislau Kostka, jesuíta. Um grupinho de noviças está comentando a figura do santo. "Que alma privilegiada aquela de santo Estanislau! – diz Teresita – morrer no noviciado... amando tanto a Virgem Maria... em seus braços... mas a coisa melhor é fazer a vontade de Deus, em tudo aquilo que Ele pede”.

Falava com uma noviça durante as férias de Natal, e sem sombra de dúvida lhe disse: "Certamente neste Ano Santo [1950] irei pro Céu, porque a Virgem me tomará no seu dia... terá tanta festa no Céu pelo Dogma da Assunção... estou certa que estarei lá”.

Para ser santos, o primeiro passo é a confiança, depois o abandono nas mãos da Virgem, para que Deus faça o que Ele quer".

“Não entendo as pessoas indiferentes a Nossa Senhora e que não vivem dela, porque se complicam muito a vida”. 


"Ganhei o primeiro prêmio!"


18 de janeiro, Teresita adverte uma forte dor de cabeça. A Madre Mestra, inicialmente otimista, achou bom chamar logo o pai, que era médico, mas sem temer nada de grave.

O doutor Quevedo, ao contrário, logo percebeu da gravidade do caso. A diagnose não deixava esperança: meningite tubercular. Por isso disse às irmãs: "Decidam vocês... Minha filha morrerá, tanto em casa como aqui... e pensaria de não aplicar curas, porque no fim deverá morrer mesmo, depois de sofrer muito".

E o pai mesmo quis avisar a filha: "Teresuca, minha filha, você está nada bem, e mesmo procurando te ajudar a sarar, será bom que você se prepare..." Teresita logo entendeu e respondeu prontamente: "Sim, pai, o mais cedo”.

E com maravilha de quantos a assistiam e visitavam, a notícia de sua próxima morte fez explodir em Teresita uma alegria enorme: "Venha, Ir. Jacinta, que já estou mais contente... mas como estou contente" ! "Mas não tens medo de morrer?" “Como posso ter medo se tenho uma Mãe no Céu que virá ao meu encontro”?

"Mas se você ainda não ganhou o Céu – insinuava a Madre Mestra – como poderás possui-lo tão cedo?"

"Claro que não o ganhei! Mas vão mo dar de presente; Tu sabes o fato do bom ladrão. Se Jesus e Maria, que nunca separo, quiserem mo dar, são muito livres de fazê-lo."


Era tão impressionante o espírito sobrenatural e a alegria de Teresita diante da morte, que quando recebeu a Unção dos Enfermos, o pai, mesmo destruído pela dor diante da impotência da ciência humana em salvar sua filha, disse: "De fato, seria uma infâmia, atrasar sua partida..."

"Ganhei o primeiro prêmio!"
– dizia alegre Teresita a sua colegas. E àquelas que aprendiam os cantos litúrgicos: "Como vai a Missa de Réquiem? Acho que serei a primeira a inaugurá-la..."

Pra quem a convidava a rezar a oração Mariana do "Memorare", respondia: "Sim... mas não para que passe a dor?" "Bom, será para que a Virgem lhe conceda o que quer e que a ajude a sofrer." "Isto sim..."

Mas a doença continuava e as dores eram lancinantes. Nessas crises terríveis, sua súplica era sempre a mesma: "Senhor, Senhor, não aguento mais... parece que fico louca... Sou vesga? Minha Mãezinha, não aguento mais!"

E chegou a alvorada da Quinta Feira Santa. Estamos no ano 1950, o Ano Santo proclamado por Pio XII. Quando todos se alegravam por uma relativa melhora, após dois longos meses de intenso sofrimento, de repente Teresita lança um grito agudíssimo, lhe vem um tremor generalizado, uma total perda de sentidos... Mesmo neste estado as suas costumeiras orações marianas lhe vinham espontâneas nos lábios...

Sabia que ficar na vontade de Deus era o que mais desejava; com exceção das respostas que devia às Superioras e aos médicos, quando perguntada sobre seu estado de saúde, habitualmente respondia assim: "Bem, bem... estou muito bem, porque estou como Deus quer!..."

Participou com fervor e perfeito entendimento às rezas ao seu redor pela salvação de sua alma, e se apagando, continuava repetindo: "Jesus te amo por aqueles que não te amam!... Minha Mãe!... mil vezes morrer do que te ofender!..."

A noite da Quinta Feira Santa, foi cruel para ela: depois de um ataque da doença, seu pescoço ficou rígido e não podia se mexer, a não ser com dores terríveis... "Senhor... eis... aquela que vos ama... e deseja ardentemente... vos receber... Senhor". E logo após: "Sou vossa... por Vós vim ao mundo... O que queres, ó Senhor, de mim?... Tudo posso... naquele... que me conforta..."

E quando todos pensavam não ouvir mais sua voz, exclamou com força, entre a maravilha geral, tanto que a escutaram no quarto do lado, com os braços levantados pro alto: "Minha Mãe, vem me receber... e leva-me contigo no Céu!" Depois, mais calma: "Por aqueles... que não te amam..."

Uma irmã lhe sugere de pedir a graça da cura, mas Teresita replica com clareza: "Minha Mãe! O que você quer!" Depois levantou pela última vez as mãos e sorrindo disse: "Como é bonito”!... A que se referia? Suas mãos se baixaram, e repetia silenciosamente as jaculatórias que lhe sugeriam... Expirou após alguns minutos.

Era o dia 08 de abril de 1950. Faltavam poucos dias para completar seus vinte anos de idade...

Desde que os Anjos vão recolhendo através dos séculos o respiro de seus irmãos da terra que morrem poucas vezes se cumpriu em modo tão verdadeiro o ditado que diz: “A morte é o eco da vida”...


Fonte: http://santosebeatoscatolicos.blogspot.com.br/2014/11/veneravel-teresa-gonzalez-quevedo.html.
  


 


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