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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

FSSPX: O estado atual das relações entre a FSSPX e Roma

Operação Memória: a entrevista do Superior Geral da FSSPX a DICI, em 6 de setembro de 2012.

Entrevista de Dom Bernard Fellay sobre o estado atual das relações entre Fraternidade São Pio X e Roma.



DICI: O senhor está preocupado com a demora na resposta de Roma, que poderia permitir àqueles que são contrários a um reconhecimento canônico afastar sacerdotes e fiéis da Fraternidade São Pio X?

Dom Fellay: Tudo está nas mãos de Deus. Confio em Deus e em sua Divina Providência, que sabe conduzir tudo, inclusive as demoras, para o bem dos que O amam.

DICI: A decisão do Papa foi postergada como disseram algumas revistas? A Santa Sé o fez saber algo sobre um atraso?

Dom Fellay: Não, não tive conhecimento de qualquer programação. Inclusive há alguns que dizem que o Papa avaliará esta questão em Castel Gandolfo, em julho.

DICI: A maioria dos que se opõe à aceitação por parte da Fraternidade de um eventual reconhecimento canônico ressalta que os debates doutrinais só poderiam conduzir a esta aceitação [canônica] se tivessem terminado com uma solução doutrinal, isto é, uma “conversão” de Roma. A sua posição sobre este ponto mudou?

Dom Fellay: Devemos reconhecer que estas reuniões foram uma oportunidade para expor os diversos problemas com que nos deparamos diante do Concílio Vaticano II. O que mudou é que Roma já não faz de uma plena aceitação do Concílio uma condição para a solução canônica. Hoje em dia, em Roma, alguns consideram que uma compreensão diferente do Concílio não é determinante para o futuro da Igreja, pois a Igreja não é só o Concílio. De fato, a Igreja não se limita ao Concílio, ela é muito maior. Portanto, é necessário se dedicar a resolver problemas maiores. Esta tomada de consciência pode nos ajudar a entender o que realmente está acontecendo: somos chamados a ajudar a levar aos demais o tesouro da Tradição que pudemos conservar.
Assim, pois, é a atitude da Igreja oficial que mudou, e não nós. Não fomos nós quem pedimos um acordo, é o Papa que quer nos reconhecer. Podemos, então, nos perguntar o porque desta mudança. Ainda não estamos de acordo doutrinariamente e, no entanto, o Papa quer nos reconhecer! Por que? A resposta é: há problemas tremendamente importantes na Igreja de hoje. Devemos fazer frente a estes problemas. Devemos deixar de lado problemas secundários e fazer frente a problemas maiores. Esta é a resposta de um ou outro prelado romano, mas jamais o dirão abertamente; é necessário ler nas entrelinhas para entender.
As autoridades oficiais não querem reconhecer os erros do Concílio. Elas nunca o dirão de maneira explícita. Contudo, se lemos nas entrelinhas, podemos ver que querem remediar alguns destes erros. Eis um exemplo interessante sobre o sacerdócio. Vocês sabem que desde o Concílio tem havido uma nova concepção do sacerdócio, que demoliu a imagem do sacerdote. Hoje vemos claramente que as autoridades romanas procuram restaurar a verdadeira concepção do sacerdote. Já havíamos observado isso claramente durante o Ano Sacerdotal, que ocorreu em 2010-2011. Agora a festa do Sagrado Coração é o dia dedicado à santificação dos sacerdotes. Nesta ocasião, uma carta foi publicada e um exame de consciência foi composto para os sacerdotes. Alguém poderia pensar que foram buscar este exame de consciência em Écône, visto que está claramente em consonância com a espiritualidade pré-conciliar. Esta revisão oferece a imagem tradicional do sacerdote, e até de seu papel na Igreja. É este o papel que Dom Lefebvre afirma quando descreve a missão da Fraternidade: restaurar a Igreja através da restauração do sacerdote.
A carta diz: “A Igreja e o mundo não podem ser santificados senão pela santidade do sacerdote”. Realmente, o sacerdote é colocado no centro. O exame de consciência começa com esta pergunta: “A santificação é a principal preocupação do sacerdote?”. Segunda pergunta: “O Santo Sacrifício da Missa — que é a palavra que usam, não a Eucaristia, a Synaxis ou qualquer outra coisa — é o centro da vida do sacerdote?”. Então são recordadas as finalidades da Missa: o louvor a Deus, a oração, a reparação dos pecados… dizem tudo. O sacerdote deve se imolar — a palavra “imolar-se” não é usada, mas “dar-se”, sacrificar-se para salvar as almas. Tudo está dito. Depois vem a evocação dos novíssimos: “Pensa o sacerdote frequentemente nos seus novíssimos? Pensa em pedir a graça da perseverança final? Recorda isso aos fiéis? Visita os moribundos para lhes dar a extrema-unção?”. Vê-se como, habilmente, este documento romano recorda claramente a ideia tradicional do sacerdote.
Certamente, isso não elimina os problemas, e ainda há graves dificuldades na Igreja: o ecumenismo, Assis, a liberdade religiosa… mas o contexto está mudando; e não só o contexto, mas a própria situação… Eu distinguiria entre as relações exteriores e a situação interna. As relações com o mundo exterior ainda não mudaram, mas o que acontece na Igreja, as autoridades romanas estão procurando mudar pouco a pouco. Obviamente, ainda segue existindo um desastre maior, devemos ser conscientes, e não dizemos o contrário, mas também é necessário ver o que se está fazendo. Este exame de consciência para os sacerdotes é um exemplo significativo.

DICI: O senhor reconhece que sérias dificuldades permanecem sobre o ecumenismo, a liberdade religiosa… Havendo um reconhecimento canônico, qual seria sua atitude diante destes problemas? Não se sentiria obrigado a manter uma certa discrição?

Dom Fellay: Permita-me responder a sua pergunta com três perguntas: As novidades que se introduziram durante o Concílio foram o começo de um maior desenvolvimento da Igreja, de vocações e da prática religiosa? Não constatamos, muito pelo contrário, uma forma de “apostasia silenciosa” em todos os países cristãos? Podemos nos calar diante destes problemas?
Se queremos fazer frutificar o tesouro da Tradição para o bem das almas, devemos falar e atuar. Necessitamos dessa dupla liberdade de expressão e de ação. Mas eu desconfiaria de uma denúncia puramente verbal dos erros doutrinais; denúncia bem mais polêmica dado que é somente verbal.
Com o realismo que lhe era peculiar, Dom Lefebvre reconhecia que as autoridades romanas e diocesanas seriam mais sensíveis aos números e aos fatos apresentados pela Fraternidade São Pio X do que aos argumentos teológicos. É por isso que não temo afirmar que se ocorresse um reconhecimento, as dificuldades doutrinais seriam sempre ressaltadas por nós, mas com a ajuda de uma lição dada pelos próprios fatos, sinais tangíveis da vitalidade da Tradição. E por isso, como eu já dizia em 2006 sobre as etapas de nosso diálogo com Roma, devemos ter “fé na Missa Tradicional, esta Missa que exige a integridade da doutrina e dos sacramentos, promessa de toda fecundidade espiritual das almas”.

DICI: 2012 não é 1988, ano de sua sagração episcopal. Em 2009 foram levantadas as excomunhões, em 2007 se reconheceu oficialmente que a Missa Tridentina “nunca havia sido ab-rogada”, mas agora alguns membros da Fraternidade deploram que a igreja ainda não se tenha convertido. O rechaço a priori por parte deles de um reconhecimento canônico se deve a 40 anos de uma situação excepcional que resulta em uma má interpretação da submissão à autoridade?

Dom Fellay: O que está acontecendo nestes dias mostra claramente alguns de nossos pontos fracos diante dos perigos que foram criados pela situação em que estamos. Um dos principais perigos é inventar uma noção da Igreja que parece ideal, mas que não se situa de fato na verdadeira história da Igreja. Alguns argumentam que para trabalhar “com segurança” na Igreja, em primeiro lugar, ela deve limpar-se de todo erro. Ora, os santos reformadores não a abandonaram para lutar contra estes erros. Nosso Senhor nos ensinou que sempre haverá cizânia, até o fim dos tempos. Não só a erva boa, não só o trigo.
Nos tempos dos arianos, os bispos trabalharam em meio aos erros para convencer da verdade os que estavam equivocados. Não disseram que queriam estar fora, como alguns dizem hoje. Sem dúvida, sempre há que ter cuidado com as expressões “fora”, “dentro”, porque somos da Igreja, somos católicos. Mas, por este motivo podemos nos negar a convencer aqueles que estão na Igreja, sob o pretexto de que estão cheios de erros? Vejamos o que fizeram os santos! Se Deus nos permite estar em uma situação nova, em um combate corpo a corpo a serviço da verdade… Esta é a realidade que nos apresenta a história da Igreja. O Evangelho compara o cristão ao fermento, e queremos que a Missa cresça sem estar dentro da massa?
Nesta situação, apresentada por alguns como uma situação impossível, nos é pedido trabalhar como fizeram todos os santos reformadores de todos os tempos. Certamente, isso não elimina o perigo. Porém, se temos a liberdade suficiente de atuar, de viver e de crescer, é necessário fazê-lo. Realmente, creio que isso deva ser feito, sempre e quando tenhamos a proteção suficiente.

DICI: O senhor crê que há membros da Fraternidade que, conscientemente ou não, abraçam teorias sedevacantistas? Tem medo de sua influência?

Dom Fellay: Certamente alguns podem estar influenciados por essas ideias, isso não é novo. Eu não creio que sejam tão numerosos, mas podem causar dano, sobretudo mediante a difusão de falsos rumores. Mas realmente creio que a principal preocupação entre nós é antes a questão da confiança nas autoridades romanas, temendo que o que possa acontecer seja uma cilada. Pessoalmente, estou convencido de que este não é o caso.
Entre nós há desconfiança de Roma, porque sofremos muitas decepções, por isso cremos que possa se tratar de uma cilada. É certo que nossos inimigos podem pensar em utilizar esta oferta como uma cilada, mas o Papa, que realmente quer este reconhecimento canônico, não o oferece como uma cilada.

DICI: Várias vezes o senhor repetiu que o Papa quer pessoalmente o reconhecimento canônico da Fraternidade. O senhor recebeu uma confirmação pessoal e recente do mesmo Papa de que é realmente sua vontade?

Dom Fellay: Sim, é o Papa quem quer, e eu o disse várias vezes. Tenho detalhes suficientes em meu poder para afirmar que o que digo é certo, embora não tenha tido nenhum trato direto com o Papa, mas com os seus mais próximos colaboradores.

DICI: Sobre a carta de 7 de abril, assinada pelos outros três bispos da Fraternidade, infelizmente publicada na internet: a análise que ela apresenta corresponde à situação da Igreja?

Dom Fellay: Sobre a posição deles, não excluo a possibilidade de uma evolução. A primeira questão para nós, que fomos sagrados por Dom Lefebvre, foi a da sobrevivência da Tradição. Creio que sim, meus confrades veem e compreendem que em direito e em fatos há na proposta romana uma verdadeira oportunidade para a Fraternidade de “restaurar todas as coisas em Cristo”, apesar de todos os problemas que permanecem na Igreja hoje, então eles poderão reajustar seu juízo — isto é, com o estatuto canônico em mãos e os fatos diante de seus olhos. Sim, eu creio, espero. E devemos rezar por esta intenção.

DICI: Alguns em todo o mundo, incluindo membros da Fraternidade, utilizaram passagens de uma entrevista que o senhor deu à Catholic News Service; estas passagens sugerem que a seus olhos a Dignitatis Humanae já não apresenta dificuldades. A maneira como esta entrevista foi feita alterou o significado do que o senhor quis expressar? Qual é a sua posição sobre esta questão em comparação com o que Dom Lefebvre ensinava?

Dom Fellay: Minha posição é a da Fraternidade e Dom Lefebvre. Como de costume, em um assunto muito delicado, é necessário fazer distinções; e algumas destas distinções desapareceram da entrevista de televisão que foi reduzida a menos de 6 minutos. Mas o relato escrito que a CNS fez de meus comentários reestabelece o que disse e que não foi conservado na versão difundida: “Apesar de Dom Fellay se negar a assumir a interpretação (da liberdade religiosa) por Bento XVI como em continuidade com a Tradição da Igreja — uma posição que muitos na Igreja têm discutido duramente –, Dom Fellay falou da ideia em termos surpreendentemente simpáticos”. Na realidade, eu somente recordei que já existe uma solução tradicional ao problema da liberdade religiosa e que se chama tolerância. Sobre o Concílio, quando me fizeram a pergunta: “O Vaticano II pertence à Tradição?”, respondi: “Quisera esperar que assim fosse” (que em uma tradução defeituosa ao francês se transformou em “Espero que sim”). Isso está na linha das distinções feitas por Dom Lefebvre de ler o Concílio à luz da Tradição: o que está de acordo com a Tradição, aceitamos; o que é duvidoso, entendemos como a Tradição sempre ensinou; o que é contrário, rechaçamos.

DICI: Uma Prelazia pessoal é a estrutura canônica que o senhor indicou em declarações recentes. Pois bem, no Código [de Direito Canônico], o cânon 297 requer não somente informar mas também obter a autorização dos bispos diocesanos para fundar uma obra em seu território. Se bem que é claro que qualquer reconhecimento canônico preservará nosso apostolado em seu estado atual, o senhor está disposto a aceitar que as obras futuras não sejam possíveis senão com a permissão do bispo nas dioceses onde a Fraternidade São Pio X atualmente não está presente?

Dom Fellay: Há muita confusão sobre este tema, e é causada principalmente por uma má interpretação da natureza de uma Prelazia pessoal, assim como por um desconhecimento da relação normal entre o Ordinário local e a Prelazia. Acrescente-se a isso o fato de que a única referência disponível atualmente sobre uma Prelazia pessoal seja o Opus Dei. No entanto, sejamos claros, se uma prelazia pessoal nos fosse dada, nossa situação não seria a mesma. Para entender melhor o que aconteceria, creio que nossa situação seria muito mais similar a de um Ordinariato Militar, porque teríamos uma jurisdição ordinária sobre os fiéis. Seríamos como uma espécie de diocese cuja jurisdição se estende a todos os seus fiéis, independentemente de sua situação territorial.
Todas as capelas, igrejas, priorados, escolas e obras da Fraternidade e das Congregações religiosas amigas seriam reconhecidas com uma verdadeira autonomia para exercer o seu ministério.
Continua sendo certo — como é o direito da Igreja — que para abrir uma nova capela ou fundar uma nova obra, seria necessário contar com a permissão do Ordinário local. Seguramente, temos mostrado a Roma como nossa situação atual é difícil nas dioceses, e Roma continua trabalhando nisso. Aqui ou ali, esta dificuldade será real, mas desde quando a vida é sem dificuldades? O mais provável é que também tenhamos o problema oposto, ou seja, que não sejamos capazes de responder aos pedidos que virão de bispos amigos. Penso em algum bispo que poderia nos pedir que nos encarregássemos da formação dos futuros sacerdotes de sua diocese.
De maneira alguma nossas relações seriam as de uma Congregação religiosa com um bispo, mas antes as de um bispo com outro bispo, assim como ocorre com os ucranianos ou os armênios da diáspora. E se, então, um problema não pôde ser resolvido, ele irá a Roma, e então haveria uma intervenção romana para resolver o problema.
Diga-se de passagem, o que se informou através da internet a respeito de meus comentários sobre este tema na Áustria, no mês passado, é completamente falso.

DICI: Se houver um reconhecimento canônico, o que acontecerá com as capelas amigas da Fraternidade independentes das dioceses? Os bispos da Fraternidade continuarão a administrar a Confirmação, a fornecer os Santos Óleos?

Dom Fellay: Se trabalharem conosco, não haverá problema: será igual agora. Se não, tudo dependerá do que estas capelas entendem por independência.

DICI: Haverá alguma diferença em suas relações com as comunidades Ecclesia Dei?

Dom Fellay: A primeira diferença é que eles se verão obrigados a deixar de nos tratar como cismáticos. Sobre um desenvolvimento futuro, é claro que alguns se aproximarão de nós, dado que já nos aprovam discretamente; outros não. O tempo nos dirá como se desempenhará a Tradição nesta nova situação. Temos grandes expectativas para o apostolado tradicional, assim como algumas pessoas importantes em Roma e o próprio Papa. Temos grandes esperanças de que a Tradição se desenvolva com a nossa chegada.

DICI: Ainda se houver um reconhecimento canônico, o senhor dará a oportunidade aos cardeais da Cúria, aos bispos, de visitar nossas capelas, celebrar Missa, administrar Confirmações, talvez até conferir as ordenações nos seminários?

Dom Fellay: Os bispos favoráveis à Tradição, os cardeais conservadores vão se aproximar. Há todo um desenvolvimento a prever, sem conhecer os detalhes específicos. E sem dúvida também haverá dificuldades, que é bastante normal. Não há dúvida de que virão nos visitar, mas para trabalhar de forma mais precisa, como a celebração da Missa ou as ordenações, isso dependerá das circunstâncias. Assim como queremos que a Tradição cresça, esperamos que a Tradição progrida entre os bispos e cardeais. Um dia tudo será harmoniosamente tradicional, mas quanto tempo será necessário? Só Deus sabe.

DICI: Na espera da decisão de Roma, quais são as suas disposições internas? Quais o senhor desejaria aos padres e fiéis apegados à Tradição?

Dom Fellay: Quando em 1988, Dom Lefebvre anunciou que consagraria quatro bispos, alguns o animaram a fazê-lo e outros trataram de dissuadí-lo. Porém, nosso fundador manteve a paz, porque ele não tinha em vista senão a vontade de Deus e o bem da Igreja. Hoje em dia, devemos ter as mesmas disposições interiores. Como seu santo patrono, a Fraternidade São Pio X deseja “restaurar todas as coisas em Cristo”, alguns dizem que não é a hora, outros, pelo contrário, que é o momento adequado. De minha parte, só sei uma coisa: sempre é o momento para fazer a vontade de Deus e sabemos que Ele nos faz conhecê-la no momento oportuno, sempre e quando nos mostramos receptivos às Suas inspirações. Por isso, pedi aos sacerdotes renovar a consagração da Fraternidade São Pio X ao Sagrado Coração de Jesus, em sua festa, 15 de junho próximo, e prepará-la com uma novena, durante a qual se recitarão as ladainhas do Sagrado Coração em todas as nossas casas. Todos podem se unir pedindo a graça de se converter em instrumentos dóceis da restauração de todas as coisas em Cristo. (DICI Nº 256, de DICI 08/06/12).

Fonte: DICI 
Tradução e publicação: Fratres in Unum.com
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