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terça-feira, 18 de outubro de 2011

O que é a vida Cristã: Mandamentos ou Virtudes?

Mandamentos ou Virtudes?

Pe. Jean Marie Salaun
Existem dois modos de considerar a vida Cristã, quer como uma série de Mandamentos, quer como uma vida virtuosa.

Para aquele que faz consistir a religião católica numa longa lista de obrigações e interditos, a vida cristã torna-se rapidamente pesada, até mesmo intolerável, e estas pessoas libertam-se dessa canga logo desde a primeira provação. É o caso de muitos católicos que, após terem recebido uma educação católica e observado mais ou menos os Mandamentos, consideram, uma vez atingida a idade adulta, que pela Fé já fizeram o suficiente, e que é tempo de recuperarem a sua liberdade e de gozarem finalmente a vida.

Mesmo se estes católicos não perderam todos a Fé, mesmo que saibam que o Decálogo está inscrito no coração de cada homem, e mesmo que reconheçam que o respeito pelos dez Mandamentos é necessário para a constituição do Bem Comum da Sociedade, nada impede que a sua Fé seja morta. Eles perderam esta Caridade que constitui a alma da vida Cristã, e não compreenderam que a nossa religião Católica é uma religião de Amor, não num sentido humanitarista, mas no sentido onde a Caridade constitui uma AMIZADE COM DEUS, como diz São Tomás.

Como prova do Seu amor, Deus Se encarnou e morreu por nós na Cruz. Mas, ai de nós, o que muitos não logram alcançar é que a amizade não pode ser verdadeira sem reciprocidade, quer dizer, não se pode dizer que se ama verdadeiramente a Deus sem Lhe querer Bem (e o Bem de Deus consiste no anúncio da Sua Glória extrínseca, proclamada pela criatura racional) e sem fazermos tudo o que está ao nosso alcance para que tal se realize.

É portanto urgente o compreender e ensinar à juventude que a vida cristã é uma vida virtuosa. Se as virtudes, que são boas disposições da alma para praticar o Bem, se não encontram solidamente ancoradas na alma das nossas crianças, é de temer que a religião não seja senão convencional, resumindo-se numa vaga oração quotidiana e numa assistência passiva à Missa dominical.

Rodolfo Papa, As Virtudes Teologais
Catedral de Sulmona (Itália)
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Rodolfo Papa, As Virtudes Cardeais
Catedral de Sulmona (Itália)
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Sem virtude, nenhuma felicidade é possível sobre a Terra. A felicidade não reside na posse dos bens temporais, nem no uso dos prazeres carnais, nem na procura das honras, porque são bens que passam, transeuntes, e que não são suficientes para cumular a nossa alma em busca do Infinito. A verdadeira felicidade encontra-se unicamente em Deus, nAquele que nós podemos alcançar pelas três Virtudes Teologais: A Fé, a Esperança e a Caridade, e por uma vida conforme à nossa natureza, quer dizer conforme à moralidade Católica, cujos fundamentos são as quatro Virtudes Cardeais: Força, Temperança, Justiça e Prudência.

Embora a aquisição duma virtude requeira a repetição de atos bons, ela necessita igualmente da ajuda de Deus e, portanto, da oração. Efetivamente, as virtudes Teologais ultrapassam as forças humanas na exata medida em que tais virtudes possuem Deus como objeto; quanto às virtudes Cardeais Sobrenaturais, seria presunção o pretender aí chegar com as nossas próprias forças, pois que a nossa humana natureza está profundamente ferida pelo pecado original. Possa esta expressão de Santo Afonso de Ligório ser melhor compreendida: Aquele que reza salva- se, aquele que não reza condena-se.

Pe. Jean Marie Salaun


Fonte: Revista “Semper” – Priorado da FSSPX em Lisboa, Portugal.

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